Toda a liturgia é um apelo à vinda do Salvador. A Igreja retoma as ardentes súplicas ao Messias, que haviam ressoado através do Antigo Testamento, e convida-nos a repeti-las com ela, com fervor que se vai intensificando à medida que se aproxima o Natal.
O Advento, que inicialmente contava cinco domingos na liturgia romana, conta, agora, apenas quatro: isto é, três semanas completas, que se contam a partir do domingo mais próximo da festa de Santo André (30 de Novembro) e os dias que vão do quarto domingo a 24 de Dezembro.
Na Idade Média, o tempo do Advento, preparação do Natal, tomou um carácter de penitência, à imitação da Quaresma, preparação para a Páscoa. Este espírito de penitência manifesta-se nalguns textos e em certos usos: paramentos roxos, ausência de flores nos altares, silêncio do órgão, supressão do Glória. Mas o canto do Aleluia, que se manteve sempre aos Domingos, indica bem que o Advento quer permanecer um tempo de alegria. Era-o exclusivamente nos seus primórdios; voltou a sê-lo desde a notável redução do jejum.
Esta alegria da salvação iminente vai-se intensificando, à medida que nos aproximamos do Natal. No terceiro domingo, o altar ornado em flores, os paramentos cor de rosa e as melodias do órgão sublinham bem o júbilo crescente. Refulge nas Antífonas Maiores, cantada ao som dos sinos, nos últimos oito dias que precedem a grande festa do nascimento do Salvador. E a vigília do Natal é já ela uma exultação.
I Domingo do Advento
(Rm 13,11-14; Lc 21, 25-33)
Fim dos tempos. Sinais no céu, fúria nos mares, tremores de terra. A Igreja, no seio do mundo que desaba, levanta seus braços para Deus e o Espírito clama com ela: “Vinde, Senhor!”. A liturgia do Advento abre com um grito – o brado dos profetas pelo Messias redentor, cuja vinda esperavam: “Vem!”.
Deus não fecha os ouvidos ao apelo do seu povo. Cumprindo a promessa de salvação feita logo depois da queda de nossos primeiros pais, enviou o seu Filho ao mundo. Porém, a aplicação a todas as gerações, da Redenção que o humanado Filho de Deus nos mereceu com a sua paixão, prossegue até ao fim dos tempos. Só no fim do mundo estará completa, quando o Messias vier coroar a sua obra e introduzir-nos em seu Reino. A história da Igreja situa-se entre estes dois acontecimentos.
Na missa deste domingo evoca-se toda a obra de Redenção, desde a sua preparação, com a expectativa de Israel e a sua repercussão em nossa vida presente (epístola), até à sua realização final (Evangelho). Preparando-nos para celebrar, no Natal, o nascimento d’Aquele que veio arrancar-nos as almas ao pecado e transformá-las à imagem da sua, a Igreja invoca para nós e para os homens de todos os tempos o pleno acabamento da obra da salvação que Ele veio realizar à Terra.
[Missal Romano Quotidiano. Biblica Bruges, Belgium, 1965]
Aliança Sacerdotal