quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Prefecto de la Congregación para el Culto Divino pedirá al Papa que extienda la fiesta de 'Jesucristo sumo y eterno sacerdote' a toda la Iglesia


El cardenal Cañizares anunció este lunes en Valencia su intención de proponer al Papa que apruebe para toda la Iglesia la festividad de 'Jesucristo Sumo y Eterno Sacerdote', que impulsó monseñor García Lahiguera, arzobispo de Valencia de 1969 a 1978. La fiesta se celebra en España desde 1970 el jueves siguiente a Pentecostés.

En el marco de los “Diálogos de Teología”, organizados por la facultad de Teología san Vicente Ferrer y la Biblioteca Sacerdotal Almudí, Cañizares animó a los sacerdotes a “identificarse plenamente con Cristo”, ante “estos tiempos nada fáciles” para ellos.

Recordando las enseñanzas de monseñor García Lahiguera, actualmente en proceso de canonización, invitó a los sacerdotes a “gastarse y desgastarse por los demás como hizo Cristo, poniendo siempre nuestra mirada en Él”.

Recalcó que “no es que ejerzamos como sacerdotes, sino que somos sacerdotes, 24 horas al día y 365 días al año”, ya que este ministerio “compromete a toda la persona, no es un añadido, sino que nos exige ser lo que somos: sacerdotes”.

El cardenal valenciano recordó que monseñor García Lahiguera fue quien le ordenó sacerdote en 1970. Además, desveló que eligió su lema episcopal, “Hágase tu voluntad”, a partir de unas palabras de la homilía del prelado en la ceremonia de ordenación.


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Grupo de anglicanos australianos anuncia sua adesão ao catolicismo



Primeiro caso depois da publicação da “Anglicanorum coetibus”

Por Carmen Elena Villa

SYDNEY, quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010 (ZENIT.org).- A comunidade de anglicanos Foward in Faith, que tem sua sede principal na Austrália, poderia ser o primeiro caso de adesão coletiva à plena comunhão com a Igreja Católica depois da publicação da constituição Anglicanorum Coetibus, no último dia 4 de novembro.

Assim deu a conhecer o bispo anglicano David Robarts OAM, em declarações ao jornal australiano The Daily Telegraph, publicadas na terça-feira.

“Amo minha herança anglicana, mas não a perderei ao dar este passo”, assegurou o bispo.

Respeitar a tradição

A comunidade Foward in Faith, presente também na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, buscou permanecer fiel à tradição anglicana e rejeitou algumas modificações, entre elas o exercício do ministério sacerdotal e episcopal por parte das mulheres e a aprovação de alguns sacerdotes, bispos e líderes anglicanos abertamente homossexuais.

E, neste caminho – afirma o bispo –, “procuramos, durante 25 anos, ter algum tipo de supervisão episcopal, mas não conseguimos (...). Já não somos realmente queridos, nossa consciência não foi respeitada”.

Por isso, Robarts afirmou que ele e seus fiéis “vamos seguir este caminho, porque as portas nos foram fechadas na igreja anglicana da Austrália durante um longo tempo”.

E foi assim como, durante uma reunião realizada no último final de semana, cerca de 200 membros votaram unanimemente por voltar à plena e visível comunhão com a Igreja Católica.

Voltar a Roma

Com a publicação da Anglicanorum Coetibus, o Papa Bento XVI introduziu uma nova estrutura canônica que permite aos fiéis ex-anglicanos que entrem em plena comunhão com a Igreja Católica, conservando ao mesmo tempo elementos do patrimônio espiritual e litúrgico anglicano.

A figura dos ordinariatos pessoais, figura canônica de governo não restrita a um território, recorda a figura da prelazia pessoal (a única que existe é o Opus Dei), ou os vicariatos castrenses (diocese sem território na qual um bispo representa a autoridade eclesiástica para os militares ou forças da ordem católicas e suas famílias, independentemente de onde se encontrem).

Segundo o bispo Robarts, os membros desta comunidade, com a supervisão de Dom Peter Elliot, bispo auxiliar de Melbourne, e com a direção da Santa Sé, já começaram com os grupos de trabalho para estabelecer o primeiro ordinariato anglicano que poderia servir de protótipo para os que surgirão posteriormente em outros lugares do mundo.

O bispo David Robarts esclareceu, na entrevista com o The Daily Telegraph, que o passo que a comunidade Foward in Faith pretende dar não é como “quem troca de móveis”.

“Simplesmente estamos dizendo que fomos fiéis ao que os anglicanos acreditaram sempre e que não queremos mudar nada disso, mas nos marginalizaram devido àqueles que querem introduzir algumas ‘inovações’.”

“Precisamos ter bispos que acreditem naquilo que nós acreditamos”, concluiu Robarts.

Fonte: Zenit

FESTA DA CÁTEDRA DE SÃO PEDRO



Ubi Petrus, ibi Ecclesia


Mons. Guido Marini: Uma Conferência para o Ano Sacerdotal


INTRODUÇÃO AO ESPÍRITO DA LITURGIA
por Mons. Guido Marini
Mestre de Cerimônias das Celebrações Litúrgicas do Papa



Proponho focar em alguns aspectos ligados ao espírito da liturgia e refletir sobre eles convosco; na verdade, pretendo abordar um aspecto que vai exigir bastante de mim. Não apenas porque é uma tarefa exigente e complexa falar sobre o espírito da liturgia, mas também porque muitas obras importantes sobre este assunto já foram escritas por autores de alto calibre inquestionável em teologia e liturgia. Penso em duas pessoas em particular dentre muitos: Romano Guardini e o Cardeal Joseph Ratzinger.

Por outro lado, atualmente é mais do que necessário falar sobre o espírito da liturgia, especialmente para nós membros do sacerdócio sagrado. Mais ainda, há uma necessidade urgente de reafirmar o “autêntico” espírito da liturgia, tal como está presente na tradição ininterrupta da Igreja e atestado, em continuidade com o passado, nos ensinamentos mais recentes do Magistério: desde o Concílio Vaticano II até o presente pontificado. Uso a propósito a palavra “continuidade”, uma palavra muito querida pelo nosso atual Santo Padre. Ele tem feito desta palavra o único critério fidedigno pelo qual alguém pode interpretar corretamente a vida da Igreja, e mais especificamente, os documentos conciliares, incluindo todas as reformas propostas contidas ali. E como poderia ser diferente? Poderia alguém falar de uma Igreja do passado e de uma Igreja do futuro como se alguma ruptura histórica no corpo da Igreja tivesse ocorrido? Poderia alguém dizer que a Esposa de Cristo viveu sem a assistência do Espírito Santo em algum período particular do passado, de maneira que sua memória devesse ser apagada, esquecida propositalmente?

Mesmo assim parece às vezes que alguns indivíduos são verdadeiramente partidários de certa forma de pensar que pode se definir justa e propriamente como uma ideologia, ou melhor, uma noção preconcebida aplicada à história da Igreja que não tem nada a ver com a verdadeira fé.

Um exemplo do fruto produzido por essa ideologia enganadora é a distinção recorrente entre a Igreja pré-conciliar e a pós-conciliar. Tal maneira de falar pode ser legítima, mas apenas na condição de que não se entenda com isso duas Igrejas: uma pré-conciliar, que não tem mais nada a dizer ou a dar porque está ultrapassada, e uma segunda, a Igreja pós-conciliar, uma nova realidade nascida do Concílio e, por seu presumido espírito, sem continuidade com o seu passado. Esta maneira de falar e ainda mais, de pensar, não deve ser a nossa. Além de estar incorreta, já está superada e é antiquada, talvez sendo compreensível de um ponto de vista histórico, mas conectada a um período da vida da Igreja agora já concluído.

O que discutimos até agora com respeito a “continuidade” tem alguma coisa a ver com o assunto que nos foi pedido tratar nesta palestra? Sim, completamente. O autêntico espírito da liturgia não habita onde não é abordado com serenidade, deixando de lado todas as polêmicas com respeito ao passado recente ou remoto. A liturgia não pode e não deve ser uma ocasião de conflito entre aqueles que acham bom só o que veio antes de nós e aqueles que, pelo contrário, quase sempre acham ruim o que veio antes. A única atitude que nos permite ater-nos ao autêntico espírito da liturgia, com alegria e apreciação espiritual verdadeira, é considerar a liturgia do presente e do passado da Igreja como o mesmo patrimônio em contínuo desenvolvimento. Em consequência, trata-se de um espírito que temos que receber da Igreja e que não é fruto de nossa própria fabricação. Um espírito, posso acrescentar, que leva ao que é essencial na liturgia, ou, mais precisamente, à oração inspirada e guiada pelo Espírito Santo, em quem Cristo continua a se tornar presente para nós hoje, a emergir em nossas vidas. Na verdade, o espírito da liturgia é a liturgia do Espírito Santo.

Não tenho aqui a pretensão de abordar com profundidade o assunto proposto, nem de tratar todos os diferentes aspectos necessários para um entendimento panorâmico e completo da questão. Limitar-me-ei a discutir apenas uns poucos elementos essenciais à liturgia, especificamente com referência à celebração da Eucaristia, tal como a Igreja os propõe, e da forma como tenho aprendido a aprofundar meu conhecimento a respeito deles nestes dois últimos anos a serviço de nosso Santo Padre, Bento XVI. Ele é um autêntico mestre do espírito da liturgia, seja pelos seus ensinamentos, seja pelo exemplo que dá na celebração dos ritos sagrados.

Se, durante o curso destas reflexões sobre a essência da liturgia, eu apontar certos comportamentos que não considero em completa harmonia com o autêntico espírito da liturgia, farei isso apenas como uma pequena contribuição para fazer este espírito aparecer sempre mais em sua beleza e verdade.


1. A Sagrada Liturgia, um grande dom de Deus para a Igreja.


Estamos todos bem cientes de como o Concílio Vaticano II dedicou inteiramente seu primeiro documento à liturgia. Trata-se da Sacrosanctum Concilium, também chamada de Constituição sobre a Sagrada Liturgia.

Quero sublinhar o termo “sagrado” em sua aplicação à liturgia, devido a sua importância. Na verdade, os Padres conciliares pretenderam desta forma reforçar o caráter sagrado da liturgia.

O que, então, queremos dizer por sagrada liturgia? Os Orientais falariam, neste caso, da dimensão divina na Liturgia, ou, para ser mais preciso, daquela dimensão que não é deixada ao arbítrio do homem, porque é um dom que vem do alto. Refere-se, em outras palavras, ao mistério da salvação em Cristo, confiado à Igreja de maneira a torná-lo disponível em cada momento e em cada lugar por meio da natureza objetiva dos ritos litúrgicos e sacramentais. Esta é uma realidade que nos ultrapassa, que deve ser recebida como um dom, e que deve poder nos transformar. O Concílio Vaticano II afirma: “...cada celebração litúrgica, porque é uma ação de Cristo sacerdote e de Seu Corpo que é a Igreja, é uma ação sagrada que ultrapassa todas as outras...” (Sacrosanctum Concilium, n.7).

Desta perspectiva não é difícil se dar conta de quão distantes algumas formas de conduta estão do autêntico espírito da liturgia. De fato, alguns indivíduos têm conseguido subverter a liturgia da Igreja de várias maneiras sob o pretexto de uma má entendida criatividade. Isso tem sido feito em nome do princípio de adaptar-se à situação local e às necessidades da comunidade, apropriando-se do direito de remover, adicionar ou modificar o rito litúrgico com fins subjetivos e emocionais. Nós sacerdotes somos grandemente responsáveis por isso.

Por esta razão, já em 2001, o então Cardeal Ratzinger afirmava: “Há necessidade, ao menos , de uma nova conscientização litúrgica que possa por um fim à tendência de tratar a liturgia como se fosse um objeto aberto à manipulação. Chegamos a um ponto onde equipes litúrgicas montam a liturgia do Domingo por sua própria conta. O resultado é certamente o produto imaginativo de uma equipe de indivíduos capazes e habilidosos. Mas desta forma se reduz o espaço onde se pode encontrar o “totalmente outro”, no qual aquele que é santo se oferece a Si mesmo como dom; aquilo com que me encontro é apenas a habilidade de um grupo de pessoas. É aí que nos damos conta de que estamos procurando por algo mais. O que temos é muito pequeno e, ao mesmo tempo, diferente. O mais importante hoje é adquirir um novo respeito pela liturgia, e estar consciente de que ela não está aberta à manipulação. Aprender novamente a reconhecer em sua natureza uma criação viva que cresce e que nos foi dada como dom, através do qual participamos da liturgia celeste. Renunciar a procurar nela a nossa própria auto-realização para que possamos vê-la como um presente. Isto, creio eu, é de primária importância: vencer a tentação de um comportamento despótico, que concebe a liturgia como um objeto, propriedade do homem, e despertar de novo o sentido interior do sagrado.” (do livro “God and the World”).

Afirmar, desta forma, que a liturgia é sagrada pressupõe o fato de a liturgia não estar sujeita a modificações esporádicas e invenções arbitrárias de um indivíduo ou de um grupo. A liturgia não é um círculo fechado no qual decidimos nos encontrar, talvez para encorajarmos uns aos outros, para sentir que somos protagonistas de alguma festa. A liturgia é a convocação de Deus para que o seu povo esteja em Sua presença; é o advento de Deus entre nós; é Deus que nos encontra neste mundo.

Certas adaptações a situações locais particulares são previstas e devidas. O próprio Missal indica onde adaptações podem ser feitas em algumas de suas seções, ainda que somente nessas e não arbitrariamente em outras. A razão para isto é importante e é bom reafirmá-la: a liturgia é um dom que nos precede, um tesouro precioso que nos foi entregue pela antiga oração da Igreja, o lugar no qual a fé encontrou no tempo sua forma e expressão orante. Ela não está à disposição de nossa subjetividade. Está indisponível à nossa subjetividade para estar integralmente à disposição de todos, ontem, assim como hoje e também amanhã. “Atualmente também,” escreveu o Papa João Paulo II em sua carta Encíclica Ecclesia de Eucharistia, “deveria ser redescoberta e valorizada a obediência às normas litúrgicas como reflexo e testemunho da Igreja, una e universal, que se torna presente em cada celebração da Eucaristia.” (n.52)

Na brilhante Encíclica Mediator Dei, que é tão frequentemente citada na Constituição sobre a Sagrada Liturgia, o Papa Pio XII define a liturgia como “...o culto público... o culto integral do corpo místico de Jesus Cristo, ou seja, da cabeça e de seus membros.” (n. 20) Como para dizer, entre outras coisas, que na liturgia, a Igreja oficialmente se identifica no mistério de sua união com Cristo como esposa, e onde ela oficialmente revela a si mesma. Com que insana inconsequência podemos reclamar para nós mesmos o direito de mudar de maneira subjetiva os santos sinais que o tempo depurou, através dos quais a Igreja fala de si mesma, de sua identidade e de sua fé?

O povo de Deus tem um direito que não pode ser ignorado nunca, em virtude do qual a todos se deve permitir aproximarem-se do que não é meramente o pobre fruto do esforço humano, mas a obra de Deus, e precisamente porque é a obra de Deus, é uma fonte de salvação e de vida nova.

Quero prolongar minha reflexão um pouco mais sobre este ponto, o qual, posso testemunhar, é muito caro ao Santo Padre, partilhando convosco uma passagem da Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, de Sua Santidade o Papa Bento XVI, escrita após o Sínodo sobre a Sagrada Eucaristia. “Ao ressaltar a importância da arte da celebração,” o Santo Padre escreve, “põe-se em evidência o valor das normas litúrgicas... A celebração eucarística é frutuosa quando os sacerdotes e os responsáveis da pastoral litúrgica se esforçam por dar a conhecer os livros litúrgicos em vigor e as respectivas normas... Talvez se dê por adquirido, nas comunidades eclesiais, o seu conhecimento e devido apreço, mas freqüentemente não é assim; na realidade, trata-se de textos onde estão contidas riquezas que guardam e exprimem a fé e o caminho do povo de Deus ao longo dos dois milênios da sua história.” (n.40)


2. A orientação da oração litúrgica.


No meio de tantas mudanças que caracterizaram, durante o curso do tempo, a arquitetura das igrejas e os lugares onde a liturgia acontece, uma convicção sempre permaneceu clara dentro da comunidade cristã, quase até o presente dia. Refiro-me à oração voltada para o oriente, uma tradição que remonta às origens do Cristianismo.

O que se entende por “oração voltada para o oriente”? Refere-se à orientação do coração orante em direção a Cristo, de quem a salvação vem, e para quem se dirige tanto no começo como no fim da história. O sol nasce no leste, e o sol é um símbolo de Cristo, a luz que nasce no Oriente. A passagem messiânica do cântico Benedictus vem prontamente à mente: “Pela bondade e compaixão de nosso Deus, o Sol nascente nos veio visitar”.

Estudos recentes e muito confiáveis provaram efetivamente que, em cada época de seu passado, a comunidade cristã soube encontrar a forma de expressar nos sinais litúrgicos, externos e visíveis, esta orientação fundamental para a vida da fé. É por isso que encontramos igrejas construídas de tal maneira que a abside é voltada para o oriente. Onde tal orientação do espaço sagrado não era possível, a Igreja recorria ao uso do Crucifixo colocado sobre o altar, no qual todos podiam focar a atenção. Com o mesmo propósito muitas absides eram decoradas com representações resplandecentes do Senhor. Todos eram convidados a contemplar essas imagens durante a celebração da liturgia eucarística.

Sem precisar recorrer a uma análise histórica detalhada de desenvolvimento da arte cristã, gostaríamos de reafirmar que a oração voltada para o oriente, mais especificamente, voltada para o Senhor, é uma expressão característica do autêntico espírito da liturgia. É neste sentido que somos convidados a voltar nossos corações para o Senhor durante a celebração da liturgia eucarística, como o diálogo introdutório do Prefácio bem nos recorda. Sursum corda “Corações ao alto”, exorta o sacerdote, e todos respondem: Habemus ad Dominum “O nosso coração está em Deus.” Ora, se tal orientação deve ser sempre adotada interiormente pela comunidade cristã inteira quando reunida em oração, deveria ser possível encontrar esta orientação expressa externamente também através de sinais. O sinal externo, além disso, não poderá ser verdadeiro, a não ser que através dele a atitude espiritual correta se torne visível.

Esta é a razão para a proposta feita pelo então Cardeal Ratzinger, e reafirmada agora durante o curso de seu pontificado, de colocar o Crucifixo no centro do altar, de tal modo que todos, durante a celebração da liturgia, possam concretamente se voltar e olhar para o Senhor, e assim orientar também suas orações e corações. Escutemos diretamente as palavras de Sua Santidade, Bento XVI, que no prefácio do primeiro volume de suas “Obras Completas”, dedicado à liturgia, escreve o seguinte: “A idéia de que o sacerdote e o povo devem ficar de frente um para o outro durante a oração nasceu apenas no cristianismo moderno, e é completamente alheia à Igreja antiga. O sacerdote e o povo certamente não rezam um para o outro, mas para o único Senhor. Logo, eles olham para a mesma direção durante a oração: seja para o oriente como um símbolo cósmico do Senhor que vem, ou, onde isto não é possível, para a imagem de Cristo na abside, para um crucifixo, ou simplesmente para os céus, como Nosso Senhor mesmo fez em sua oração sacerdotal na noite anterior à Sua Paixão (Jo 17,1). Vemos que a proposta feita por mim no final do capítulo que trata desta questão no meu livro “O Espírito da Liturgia” está felizmente se tornando mais e mais comum: em vez de realizar transformações mais profundas, simplesmente colocar o crucifixo no centro do altar, ao qual tanto o sacerdote quanto o povo possam se voltar e ser levados desta forma em direção ao Senhor, a quem todos se dirigem juntos na oração.”

Que não se diga, portanto, que a imagem de nosso Senhor crucificado obstrui a visão que os fiéis têm do sacerdote, porque eles não estão ali para olhar para o celebrante naquele ponto da liturgia! Eles estão ali para voltar seus olhares para o Senhor! Da mesma maneira, o presidente da celebração também deve ser capaz de se voltar na direção do Senhor. O crucifixo não obstrui nossa visão; em vez disso ele expande nosso horizonte para ver o mundo de Deus; o crucifixo nos leva a meditar no mistério; nos introduz no céu de onde vem a única luz capaz de dar sentido à vida nesta terra. Nossa visão, na verdade, estaria cega e obstruída se nossos olhos permanecessem fixos naquelas coisas que mostram apenas o homem e suas obras.

Desta forma pode-se entender porque hoje ainda é possível celebrar a Santa Missa nos altares antigos, quando as características arquitetônicas e artísticas de nossas igrejas assim o permitirem. Também nisto, o Santo Padre nos dá um exemplo quando celebra a sagrada eucaristia no antigo altar na Capela Sistina na festa do Batismo do Senhor.

Em nosso tempo, a expressão “celebração voltada para o povo” entrou no vocabulário comum. Se a intenção ao usar esta expressão é descrever a localização do sacerdote que, nos dias de hoje frequentemente se encontra voltado para a assembléia devido à posição do altar, tal expressão é aceitável. Todavia, tal expressão seria categoricamente inaceitável a partir do momento em que viesse a expressar uma proposição teológica. Teologicamente falando, a Santa Missa, na realidade, é sempre dirigida a Deus por Cristo Senhor, e seria um grave erro imaginar que a orientação principal da ação sacrifical é a comunidade. Logo, tal orientação, de se voltar em direção ao Senhor, tem que animar a participação interior de cada indivíduo durante a liturgia. É igualmente importante que esta orientação seja bem visível como sinal litúrgico também.


3. Adoração e união com Deus.


A adoração é o reconhecimento cheio de admiração, e poderíamos mesmo dizer com êxtase (porque nos faz sair de nós mesmos e de nosso mundo pequeno), o reconhecimento do poder infinito de Deus, de sua majestade incompreensível e de Seu amor sem limites que nos é oferecido com absoluta gratuidade, de Seu Senhorio onipotente e providente. Consequentemente, a adoração leva à reunificação do homem e da criação com Deus, ao abandono do estado de separação, de aparente autonomia, à perda de si mesmo, que é, além do mais, a única maneira de ganhar a si mesmo.

Diante da inefável beleza da caridade de Deus, que toma forma no mistério da Encarnação do Verbo, que por nós morreu e ressuscitou, e que encontra sua manifestação sacramental na liturgia, não nos resta mais nada a não ser estar em adoração. O Papa João Paulo II afirma na carta Ecclesia de Eucharistia: “Há, no evento pascal e na Eucaristia que o atualiza ao longo dos séculos, uma capacidade realmente imensa, na qual está contida a história inteira, enquanto destinatária da graça da redenção. Este enlevo deve invadir sempre a assembléia eclesial reunida para a celebração eucarística.” (n.5)

“Meu Senhor e meu Deus,” fomos ensinados a dizer desde a infância no momento da consagração. Desta maneira, tomando emprestadas as palavras do apóstolo São Tomé, somos levados a adorar o Senhor, feito presente e vivo nas espécies da sagrada eucaristia, unindo-nos a Ele e reconhecendo-O como nosso tudo. Dali torna-se possível prosseguir nosso caminho diário, tendo encontrado a ordem correta da vida, o critério fundamental pelo qual viver e morrer.

Aqui está a razão pela qual tudo no ato litúrgico, através da nobreza, da beleza, e da harmonia dos sinais exteriores, tem que conduzir à adoração, à união com Deus: isto inclui a música, o canto, os períodos de silêncio, a maneira de proclamar a Palavra do Senhor, a maneira de rezar, os gestos empregados, as vestes litúrgicas os vasos sagrados e outros acessórios, assim como o edifício sagrado em sua totalidade. É sob esta perspectiva que a decisão de Sua Santidade, o Papa Bento XVI, deve ser entendida, que, começando a partir da festa de Corpus Christi do ano passado, começou a distribuir a Sagrada Comunhão aos fiéis ajoelhados e diretamente na língua. Pelo exemplo dessa conduta, o Santo Padre nos convida a tornar visível a atitude própria de adoração diante da grandeza do mistério da presença eucarística de Nosso Senhor. Uma atitude de adoração que tem que ser promovida tanto mais ao se aproximar da santíssima Eucaristia das outras formas permitidas nos dias de hoje.

Gostaria de citar mais uma vez outra passagem da Exortação Apostólica Pós-Sinodal Sacramentum Caritatis: “Quando a reforma dava os primeiros passos, aconteceu às vezes não se perceber com suficiente clareza a relação intrínseca entre a Santa Missa e a adoração do Santíssimo Sacramento; uma objeção então em voga, por exemplo, partia da idéia que o pão eucarístico nos fora dado não para ser contemplado, mas comido. Ora, tal contraposição, vista à luz da experiência de oração da Igreja, aparece realmente destituída de qualquer fundamento; já Santo Agostinho dissera: ‘Nemo autem illam carnem manducat, nisi prius adoraverit; [...] peccemus non adorando – ninguém come essa carne, sem antes a adorar; [...] pecaríamos se não a adorássemos’ De fato, na Eucaristia, o Filho de Deus vem ao nosso encontro e deseja unir-se conosco; a adoração eucarística é apenas o prolongamento visível da celebração eucarística, a qual, em si mesma, é o maior ato de adoração da Igreja: receber a Eucaristia significa colocar-se em atitude de adoração daquele que comungamos. Precisamente assim, e apenas assim, é que nos tornamos um só com ele e, de algum modo, saboreamos antecipadamente a beleza da liturgia celeste.” (n. 66)

Creio que, entre outras, a seguinte passagem do texto que acabei de ler não deve passar desapercebida: “[A celebração eucarística] é, em si mesma, o maior ato de adoração da Igreja.” Graças à sagrada eucaristia, Sua Santidade, Bento XVI, nos diz mais uma vez: “A imagem do matrimônio entre Deus e Israel torna-se realidade de um modo anteriormente inconcebível: o que era um estar na presença de Deus torna-se agora, por meio da participação na doação de Jesus, comunhão em seu corpo e sangue, torna-se união.” (Deus Caritas Est, n.13) Por esta razão, tudo na liturgia, e mais especificamente na liturgia eucarística, tem que levar à adoração; tudo no desenrolar do rito tem que ajudar a se entrar na adoração da Igreja ao seu Senhor.

Considerar a liturgia como local de adoração, para unir-se com Deus, não significa perder de vista a dimensão comunitária da celebração litúrgica, muito menos esquecer o imperativo da caridade em relação ao próximo. Pelo contrário, somente através de uma renovação da adoração a Deus em Cristo, que toma forma no ato litúrgico, nascerá uma autêntica comunhão fraterna e uma nova história de caridade e amor, sustentada por aquela capacidade de maravilhar-se e de agir heroicamente, que somente a graça de Deus pode dar aos nossos pobres corações. As vidas dos santos nos recordam e nos ensinam isso. “A união com Cristo é, ao mesmo tempo, união com todos os outros aos quais Ele Se entrega. Eu não posso ter Cristo só para mim; posso pertencer-Lhe somente unido a todos aqueles que se tornaram ou que se tornarão Seus. A comunhão tira-me para fora de mim mesmo, projetando-me para Ele e, desse modo, também para a união com todos os cristãos.” (Deus Caritas Est, n.14)


4. A Participação Ativa.


Foram realmente os santos que celebraram e viveram o ato litúrgico participando ativamente. A santidade, como resultado de suas vidas, é o testemunho mais bonito de uma participação verdadeiramente ativa na liturgia da Igreja.

Justamente, então, e por providência divina, o Concílio Vaticano II insistiu tanto na necessidade de promover uma autêntica participação da parte dos fiéis durante a celebração dos sagrados mistérios, ao mesmo tempo em que lembrava à Igreja do chamado universal à santidade. Essa instrução exigente do concílio tem sido confirmada e proposta mais e mais por tantos documentos sucessivos do magistério até o presente dia.

Apesar disso, nem sempre tem havido um entendimento correto do conceito de “participação ativa”, de acordo com aquilo que a Igreja ensina e exorta os fiéis a viver. Na verdade, há participação ativa quando, durante o curso da celebração litúrgica, cada um cumpre seu próprio papel; também há participação ativa quando se tem uma melhor compreensão da palavra de Deus quando a mesma é ouvida ou das orações quando as mesmas são ditas; também há participação ativa quando se une a própria voz às demais vozes no canto... Tudo isso, entretanto, não significaria uma participação verdadeiramente ativa se não levasse à adoração do mistério de salvação em Cristo Jesus, que por nossa causa morreu e ressuscitou. Isto porque só aquele que adora o mistério, recebendo-o de bom grado em sua vida, demonstra ter compreendido o que está sendo celebrado, e então está verdadeiramente participando da graça do ato litúrgico.

Como confirmação e respaldo para o que acaba de ser dito, ouçamos novamente as palavras de uma passagem do então Cardeal Ratzinger, do seu estudo fundamental “Introdução ao Espírito da Liturgia”: “Mas em que consiste esta participação ativa? O que se faz aí? Infelizmente, o sentido dessa palavra facilmente leva a equívocos, pensando-se que se trata de um ato geral e apenas exterior, como se todos tivessem de – quanto mais possível tanto melhor – ver-se em ação. Contudo, a palavra ‘participação’ (ou ‘ter participação’) remete para uma participação principal, na qual todos devem participar... Nas fontes, entende-se sob actio da Liturgia a oração eucarística. A verdadeira ação litúrgica, o verdadeiro ato litúrgico, é a oratio... Essa oratio – a oração eucarística, o ‘Cânone’ – é certamente mais do que uma alocução, ela é actio no sentido mais elevado do termo.” (edição portuguesa, pp.127-8) Cristo é feito presente em toda a sua obra salvífica, e por esta razão a actio humana se torna secundária e cede espaço à actio divina, à obra de Deus.

Logo, a verdadeira ação que é executada na liturgia é a ação do próprio Deus, sua obra de salvação em Cristo, da qual participamos. Esta é, entre outras coisas, a verdadeira novidade da liturgia cristã em relação a todos os outros atos de culto: o próprio Deus age e realiza o que é essencial, enquanto o homem é chamado a abrir-se à atividade de Deus, a deixar-se transformar. Consequentemente, o aspecto essencial da participação ativa é superar a diferença entre a ação de Deus e nossa própria ação, de forma a que possamos ser um com Cristo. Por isso eu poderia enfatizar o que foi dito até agora: não é possível participar sem adoração. Escutemos outra passagem da Sacrosanctum Concilium: “É por isso que a Igreja procura, solícita e cuidadosa, que os cristãos não entrem neste mistério de fé como estranhos ou espectadores mudos, mas participem na ação sagrada, consciente, ativa e piedosamente, por meio duma boa compreensão dos ritos e orações; sejam instruídos pela palavra de Deus; alimentem-se à mesa do Corpo do Senhor; dêem graças a Deus; aprendam a oferecer-se a si mesmos, ao oferecer juntamente com o sacerdote, que não só pelas mãos dele, a hóstia imaculada; que, dia após dia, por Cristo mediador, progridam na unidade com Deus e entre si, para que finalmente Deus seja tudo em todos.” (n. 48)

Comparado com isso, tudo o mais é secundário. Estou me referindo em particular às ações externas, lembrando que as mesmas são importantes e necessárias, e previstas sobretudo durante a Liturgia da Palavra. Menciono as ações externas porque, caso se tornem a preocupação essencial, a liturgia será reduzida a um ato genérico, e neste caso o autêntico espírito da liturgia não terá sido compreendido. Segue-se que uma autêntica educação para a liturgia não pode consistir em simplesmente aprender e praticar ações exteriores, mas em uma introdução à ação essencial, à obra de Deus, ao mistério pascal de Cristo, que precisamos permitir que nos encontre, nos envolva e nos transforme. Que a mera execução de gestos externos não seja confundida com o correto envolvimento de nossos corpos no ato litúrgico. Sem excluir nada do significado e importância da ação externa que acompanha o ato interno, a Liturgia demanda muito mais do corpo humano. Requer, de fato, seu esforço total e renovado nas ações diárias da vida. Isto é o que o Santo Padre Bento XVI chama de “coerência eucarística”. Propriamente falando, o exercício oportuno e fiel de tal coerência é a expressão mais autêntica da participação, inclusive corporal, no ato litúrgico, a ação salvífica de Cristo.

Gostaria de discutir mais este ponto. Estamos realmente certos de que a promoção de uma participação ativa consiste em fazer com que tudo seja imediatamente compreensível até os mínimos detalhes? Será que o ingresso no mistério de Deus não pode ser facilitado e, algumas vezes, até melhor acompanhado por aquilo que toca principalmente as razões do coração? Não acontece, em alguns casos, que uma quantidade desproporcional de espaço é dada a um discurso vazio e trivial, esquecendo-se que pertencem à liturgia diálogo e silêncio, canto e música, imagens, símbolos e gestos? Não pertenceriam, talvez, a essa diversidade de linguagem que nos conduz ao centro do mistério e, portanto, à verdadeira participação, também a língua latina, o canto Gregoriano e a polifonia sacra?


5. A música sacra ou litúrgica.


Não há dúvidas de que uma discussão que se proponha a ser uma introdução autêntica ao espírito da liturgia não pode silenciar quanto ao assunto música sacra ou litúrgica.

Limitar-me-ei a uma breve reflexão para orientar a discussão. Poderia-se pensar por que a Igreja, através de seus documentos, mais ou menos recentes, insiste em indicar um certo tipo de música e canto como particularmente consonantes com a celebração litúrgica. Já no Concílio de Trento a Igreja interveio no conflito cultural que se desenvolvia na época, restabelecendo a norma pela qual a conformidade da música com o texto sagrado era de suma importância, limitando o uso de instrumentos e indicando uma clara distinção entre música profana e sacra. A música sacra, inclusive, não pode mais ser entendida como expressão de pura subjetividade. Ela está ancorada nos textos bíblicos ou da Tradição que devem ser cantados durante o curso da celebração. Mais recentemente, o Papa São Pio X interveio de maneira análoga, procurando remover o canto operístico da liturgia e selecionando o canto Gregoriano e a polifonia do tempo da contra-reforma Católica como o padrão para a música litúrgica, distinguindo-a assim da música religiosa em geral. O Concílio Vaticano II não fez nada além de reafirmar o mesmo padrão, assim como os documentos magisteriais mais recentes.

Por que a Igreja insiste em propor certas formas como características da música sagrada e litúrgica, fazendo-as distintas de todas as outras formas de música? Por que, também, o canto Gregoriano e a polifonia sagrada clássica se tornaram as formas exemplares, à luz das quais a música litúrgica e mesmo a popular deveriam continuar a ser produzidas hoje?

A resposta a estas questões reside precisamente naquilo que procuramos discorrer a respeito do espírito da liturgia. São propriamente aquelas formas de música – em sua santidade, bondade e universalidade – que traduzem em notas, melodias e canto o autêntico espírito litúrgico: levando à adoração do mistério celebrado, favorecendo uma participação autêntica e integral, ajudando o ouvinte a perceber o sagrado e, logo, a primazia essencial de Deus agindo em Cristo, e finalmente permitindo um desenvolvimento musical que esteja ancorado na vida da Igreja e na contemplação de seu mistério.

Permitam-me uma última citação de Joseph Ratzinger: “Gandhi destaca três espaços vitais no cosmos e mostra como cada um deles comunica seu próprio modo de ser. Os peixes vivem no mar e são silenciosos. Os animais terrestres gritam, mas os pássaros, cujo espaço vital é o céu, cantam. O silêncio é próprio do mar, gritar é próprio da terra, e cantar é próprio do céu. O homem, entretanto, participa dos três: ele leva em si a profundidade do mar, o peso da terra e a altura dos céus; é por isto que todos os três modos de ser pertencem a ele: silêncio, grito e canto. Hoje... vemos que, despojado da transcendência, tudo o que resta ao homem é gritar, porque ele deseja ser somente terra e busca transformar em terra mesmo os céus e a profundeza do mar. A verdadeira liturgia, a liturgia da comunhão dos santos, lhe restitui sua totalidade. Ela o ensina de novo como ser silencioso e como cantar, abrindo para ele as profundezas do mar e ensinando-o novamente a voar, a natureza de um anjo; elevando seu coração, faz ressoar nele mais uma vez aquela canção que tinha de certo modo adormecido. De fato, podemos mesmo dizer que a verdadeira liturgia é reconhecível especialmente quando nos liberta da forma comum de viver, e nos restaura as profundezas e as alturas, silêncio e canção. A verdadeira liturgia é reconhecível pelo fato de ser cósmica, e não feita sob medida para um grupo. Ela canta com os anjos. Ela permanece em silêncio com as profundezas do universo em espera. E desta forma ela redime o mundo.” (Cantate al Signore un canto nuovo, pp. 153-4)

Concluo. Já há alguns anos, várias vozes têm sido ouvidas dentro da Igreja falando sobre a necessidade de uma nova renovação litúrgica. De um movimento, de alguma forma análogo àquele que formou as bases para a reforma promovida pelo Concílio Vaticano II, que seja capaz de operar uma reforma da reforma, ou melhor, um passo adiante no entendimento do autêntico espírito da liturgia e de sua celebração; seu objetivo seria levar a cabo aquela providencial reforma da liturgia que os Padres conciliares iniciaram mas que nem sempre, em sua implementação prática, encontrou um cumprimento oportuno e feliz.

Não há dúvidas de que nesta nova renovação litúrgica somos nós sacerdotes que devemos recuperar um papel decisivo. Com a ajuda de Nosso Senhor e da Bem Aventurada Virgem Maria, mão de todos os sacerdotes, possa este desenvolvimento ulterior da reforma também ser o fruto de nosso sincero amor pela liturgia, em fidelidade à Igreja e ao Santo Padre.

Mons. Guido Marini
Mestre de Cerimônias das Celebrações Litúrgicas do Papa

Tradução: Fabiano Rollim

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

BENTO XVI PRESIDE CONSISTÓRIO PARA CANONIZAÇÃO DE SEIS BEATOS



Cidade do Vaticano, 19 fev (RV) - Quatro futuros santos e santas coetâneos de três continentes – todos nascidos em meados do Séc. XIX – e dois outros que viveram entre os Sécs. XV e XVI. Concentram-se nesses dois arcos de tempo os episódios dos seis bem-aventurados objeto do Consistório ordinário público presidido na manhã desta sexta-feira no Vaticano pelo Santo Padre, que fixou para o dia 17 de outubro próximo a data das canonizações.

Repercorrer as etapas da vida de uma Santa ou de um Santo é como apresentar uma época histórica a partir do seu lado melhor, o das pessoas que serviram à Igreja servindo e beneficiando a sociedade do seu tempo.

Foi o que foi feito esta manhã, no Vaticano, quando Bento XVI abriu e presidiu – com a Hora Média da Liturgia das Horas – a celebração do Consistório para a votação sobre seis Causas de canonização.

Maria Helena Mackillop (1842-1909), q ue no dia 17 de outubro de 2010 se tornará a primeira Santa Australiana, nasceu no Séc. XIX em Melbourne.

A Austrália da época era um conjunto de colônias marcadas por uma vida pobre e primitiva. Pobre era também a família da jovem que, embora atraída pela vida religiosa, teve que colocar esse desejo de lado para poder contribuir com o sustento dos seus.

Aos 18 anos tornou-se professora numa pequena cidade do sul do país. Com o pároco, Pe. Woods, criou as primeiras duas escolas católicas para a educação gratuita, lutando contra a chaga do analfabetismo. Logo cedo encontrou um grupo de jovens prontas a tornarem professoras voluntárias, e com elas deu início ao primeiro núcleo das Irmãs de São José do Sagrado Coração de Jesus, simplesmente chamadas de Josefinas.

Todas elas aprenderam da Madre Maria Helena – como logo passou a ser chamada – a educar as crianças, como também a ajudar as suas famílias, e a ser "família" para os detentos, dos quais ninguém se ocupava.

Outro Beato a ser canonizado em outubro próximo é André Bassette (1845-1937), canadense de Montreal. Órfão aos 12 anos e depois emigrado para os EUA, aprendeu a honrar São José de modo particular.

Voltando à sua cidade, entrou como Irmão André na Congregação da Santa Cruz, assumindo a tarefa de porteiro do Colégio de Notre Dame, função que desempenhará durante 40 anos. Mas era também enfermeiro, barbeiro, horticultor e, sobretudo, um homem de Deus.

Com a sua devoção a São José obteve, por intercessão do Santo, extraordinárias curas, e a sua cela se tornou meta de um constante afluxo de pessoas de todas as condições sociais. Etiquetado como pessoa de saúde frágil, Irmão André morreu aos 91 anos, em 1937, e para o Canadá foi dia de luto nacional.

Outra futura santa é a espanhola Joana Josefa Cipitria y Barriola (1845-1912). Semianalfabeta, desde cedo manifestou duas vocações particulares: à Eucaristia e à Virgem. O fruto dessa profunda interioridade se colhe na predileção pelos pobres, com os quais dividia o alimento, roupa e boa parte de seu salário.

Nessa dinâmica de vida, a idéia da consagração religiosa amadureceu rapidamente e mais tarde, em 1869, uma intuição abriu-lhe o coração ao projeto hoje difundido em grande parte do mundo: a fundação das Irmãs Filhas de Jesus. Mudou o seu nome para Cândida Maria e o Instituto nasceu em Salamanca em 1871.

Na metade do Séc. XIX nasceu em Casoria, próximo a Nápoles – sul da Itália – Julia Salzano (1846-1929). Crescida num orfanato, tornou-se professora do 1º grau, unindo a sua capacidade pedagógica a uma intensa preparação espiritual. Ao tempo em que ensinava, organizava ateliês de costura para o adorno das igrejas pobres e tal era a sua dedicação que suscitou apreços tanto eclesiais quanto civis. A sua consagração religiosa deu-se em 1905 e pouco antes havia tomado pé a fundação das Irmãs Catequistas do Sagrado Coração de Jesus. A futura Santa era uma catequista inspirada e amorosa para com todas as categorias de pessoas, com uma grande predileção pelo culto do Sagrado Coração de Jesus.

Outra futura Santa é a italiana Camila Battista Varano (1458-1524), filha de um príncipe Julio César de Verano, senhor de Camerino. Cresceu no palácio, em meio às diversões que a nobreza lhe assegurava. E, no entanto, naquele clima de volubilidade se acendeu nela a centelha de sua profundidade espiritual. Entre os 8 e os 10 anos, conta ela mesma numa autobiografia, havia feito um voto, após ter ouvido uma pregação do franciscano Domenico de Leonessa, de derramar uma lágrima toda sexta-feira em recordação à Paixão de Cristo.

Escolheu a clausura, opção à qual o pai se opôs fortemente, mas a sua vontade foi mais forte do que tudo. Vestiu o hábito franciscano no mosteiro de Santa Clara de Urbino, tomando o nome de Irmã Battista.

Oito anos após a morte de Irmã Battista, nasceu na Polônia Estanislau Kazimierczyk (1433-1489). Seu pai era assessor municipal e a mãe era dona de casa. Estudou na paróquia administrada pelos Cônegos Regulares de Latrão. Foi o encontro que marcou a sua vida.

Em torno dos 23 anos entrou na Ordem e aprofundou com grande diligência o estudo da Bíblia. Era um homem prático, responsável, mas quando se tornou mestre de noviços, e mais tarde dos jovens religiosos, foi colocado em evidência o seu caráter por excelência: o de ser um grande mestre do espírito, muito estimado pelos confrades.

Com a palavra e a coerência da sua vida religiosa, combateu as derivas insinuadas pelos primeiros ventos do humanismo, corrente de pensamento fechado à transcendência. Morreu aos 56 anos e no dia de suas exéquias, como atestam os documentos, se realizaram muitos milagres, que se contam numerosos à distância de um ano de sua morte. (RL)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE O PAPA BENTO XVI PARA A QUARESMA DE 2010


A justiça de Deus está manifestada
mediante a fé em Jesus Cristo (cfr Rom 3, 21–22 )


Queridos irmãos e irmãs,

todos os anos, por ocasião da Quaresma, a Igreja convida-nos a uma revisão sincera da nossa vida á luz dos ensinamentos evangélicos . Este ano desejaria propor-vos algumas reflexões sobre o tema vasto da justiça, partindo da afirmação Paulina: A justiça de Deus está manifestada mediante a fé em Jesus Cristo (cfr Rom 3,21 – 22 ).

Justiça: “dare cuique suum”

Detenho-me em primeiro lugar sobre o significado da palavra “justiça” que na linguagem comum implica “dar a cada um o que é seu – dare cuique suum”, segundo a conhecida expressão de Ulpiano, jurista romana do século III. Porém, na realidade, tal definição clássica não precisa em que é que consiste aquele “suo” que se deve assegurar a cada um. Aquilo de que o homem mais precisa não lhe pode ser garantido por lei. Para gozar de uma existência em plenitude, precisa de algo mais intimo que lhe pode ser concedido somente gratuitamente: poderíamos dizer que o homem vive daquele amor que só Deus lhe pode comunicar, tendo-o criado á sua imagem e semelhança. São certamente úteis e necessários os bens materiais – no fim de contas o próprio Jesus se preocupou com a cura dos doentes, em matar a fome das multidões que o seguiam e certamente condena a indiferença que também hoje condena centenas de milhões de seres humanos á morte por falta de alimentos, de água e de medicamentos - , mas a justiça distributiva não restitui ao ser humano todo o “suo” que lhe é devido. Como e mais do que o pão ele de facto precisa de Deus. Nora Santo Agostinho: se “ a justiça é a virtude que distribui a cada um o que é seu…não é justiça do homem aquela que subtrai o homem ao verdadeiro Deus” (De civitate Dei, XIX, 21).

De onde vem a injustiça?

O evangelista Marcos refere as seguintes palavras de Jesus, que se inserem no debate de então acerca do que é puro e impuro: “Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa tornar impuro. Mas o que sai do homem, isso é que o torna impuro. Porque é do interior do coração dos homens, que saem os maus pensamentos” (Mc 7,14-15.20-21). Para além da questão imediata relativo ao alimento, podemos entrever nas reacções dos fariseus uma tentação permanente do homem: individuar a origem do mal numa causa exterior. Muitas das ideologias modernas, a bem ver, têm este pressuposto: visto que a injustiça vem “de fora”, para que reine a justiça é suficiente remover as causas externas que impedem a sua actuação: Esta maneira de pensar - admoesta Jesus – é ingénua e míope. A injustiça, fruto do mal , não tem raízes exclusivamente externas; tem origem no coração do homem, onde se encontram os germes de uma misteriosa conivência com o mal. Reconhece-o com amargura o Salmista:”Eis que eu nasci na culpa, e a minha mãe concebeu-se no pecado” (Sl. 51,7). Sim, o homem torna-se frágil por um impulso profundo, que o mortifica na capacidade de entrar em comunhão com o outro. Aberto por natureza ao fluxo livre da partilha, adverte dentro de si uma força de gravidade estranha que o leva a dobrar-se sobre si mesmo, a afirmar-se acima e contra os outros: é o egoísmo, consequência do pecado original. Adão e Eva, seduzidos pela mentira de Satanás, pegando no fruto misterioso contra a vontade divina, substituíram á lógica de confiar no Amor aquela da suspeita e da competição ; á lógica do receber, da espera confiante do Outro, aquela ansiosa do agarrar, do fazer sozinho (cfr Gn 3,1-6) experimentando como resultado uma sensação de inquietação e de incerteza. Como pode o homem libertar-se deste impulso egoísta e abrir-se ao amor?

Justiça e Sedaqah

No coração da sabedoria de Israel encontramos um laço profundo entre fé em Deus que “levanta do pó o indigente (Sl 113,7) e justiça em relação ao próximo. A própria palavra com a qual em hebraico se indica a virtude da justiça, sedaqah, exprime-o bem. De facto sedaqah significa, dum lado a aceitação plena da vontade do Deus de Israel; do outro, equidade em relação ao próximo (cfr Ex 29,12-17), de maneira especial ao pobre, ao estrangeiro, ao órfão e á viúva ( cfr Dt 10,18-19). Mas os dois significados estão ligados, porque o dar ao pobre, para o israelita nada mais é senão a retribuição que se deve a Deus, que teve piedade da miséria do seu povo. Não é por acaso que o dom das tábuas da Lei a Moisés, no monte Sinai, se verifica depois da passagem do Mar Vermelho. Isto é, a escuta da Lei , pressupõe a fé no Deus que foi o primeiro a ouvir o lamento do seu povo e desceu para o libertar do poder do Egipto (cfr Ex s,8). Deus está atento ao grito do pobre e em resposta pede para ser ouvido: pede justiça para o pobre ( cfr.Ecli 4,4-5.8-9), o estrangeiro ( cfr Ex 22,20), o escravo ( cfr Dt 15,12-18). Para entrar na justiça é portanto necessário sair daquela ilusão de auto – suficiência , daquele estado profundo de fecho, que á a própria origem da injustiça. Por outras palavras, é necessário um “êxodo” mais profundo do que aquele que Deus efectuou com Moisés, uma libertação do coração, que a palavra da Lei, sozinha, é impotente a realizar. Existe portanto para o homem esperança de justiça?

Cristo, justiça de Deus

O anuncio cristão responde positivamente á sede de justiça do homem, como afirma o apóstolo Paulo na Carta aos Romanos: “ Mas agora, é sem a lei que está manifestada a justiça de Deus… mediante a fé em Jesus Cristo, para todos os crentes. De facto não há distinção, porque todos pecaram e estão privados da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela Sua graça, por meio da redenção que se realiza em Jesus Cristo, que Deus apresentou como vitima de propiciação pelo Seu próprio sangue, mediante a fé” (3,21-25)

Qual é portanto a justiça de Cristo? É antes de mais a justiça que vem da graça, onde não é o homem que repara, que cura si mesmo e os outros. O facto de que a “expiação” se verifique no “sangue” de Jesus significa que não são os sacrifícios do homem a libertá-lo do peso das suas culpas, mas o gesto do amor de Deus que se abre até ao extremo, até fazer passar em si “ a maldição” que toca ao homem, para lhe transmitir em troca a “bênção” que toca a Deus (cfr Gal 3,13-14). Mas isto levanta imediatamente uma objecção: que justiça existe lá onde o justo morre pelo culpado e o culpado recebe em troca a bênção que toca ao justo? Desta maneira cada um não recebe o contrário do que é “seu”? Na realidade, aqui manifesta-se a justiça divina, profundamente diferente da justiça humana. Deus pagou por nós no seu Filho o preço do resgate, um preço verdadeiramente exorbitante. Perante a justiça da Cruz o homem pode revoltar-se, porque ele põe em evidencia que o homem não é um ser autárquico , mas precisa de um Outro para ser plenamente si mesmo. Converter-se a Cristo, acreditar no Evangelho, no fundo significa precisamente isto: sair da ilusão da auto suficiência para descobrir e aceitar a própria indigência – indigência dos outros e de Deus, exigência do seu perdão e da sua amizade.

Compreende-se então como a fé não é um facto natural, cómodo, obvio: é necessário humildade para aceitar que se precisa que um Outro me liberte do “meu”, para me dar gratuitamente o “seu”. Isto acontece particularmente nos sacramentos da Penitencia e da Eucaristia. Graças á acção de Cristo, nós podemos entrar na justiça “ maior”, que é aquela do amor ( cfr Rom 13,8-10), a justiça de quem se sente em todo o caso sempre mais devedor do que credor, porque recebeu mais do que aquilo que poderia esperar.

Precisamente fortalecido por esta experiencia, o cristão é levado a contribuir para a formação de sociedades justas, onde todos recebem o necessário para viver segundo a própria dignidade de homem e onde a justiça é vivificada pelo amor.

Queridos irmãos e irmãs, a Quaresma culmina no Tríduo Pascal, no qual também este ano celebraremos a justiça divina, que é plenitude de caridade, de dom, de salvação. Que este tempo penitencial seja para cada cristão tempo de autentica conversão e de conhecimento intenso do mistério de Cristo, que veio para realizar a justiça. Com estes sentimentos, a todos concedo de coração, a Bênção Apostólica.

Vaticano, 30 de Outubro de 2009

BENEDICTUS PP. XVI


© Copyright 2009 - Libreria Editrice Vaticana

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Importantes clarificaciones de Ecclesia Dei


La Pontificia Comisión Ecclesia Dei ha respondido recientemente a algunas cuestiones importantes relativas a la aplicación del motu proprio Summorum Pontificum. Las preguntas fueron dirigidas por el moderador de los fieles adheridos a la Forma Extraordinaria de la diócesis de Rzeszów, Polonia. Las respuestas, no obstante, son de aplicación general. Presentamos el sumario de las mismas realizado por el blog The New Liturgical Movement.

1. Si no hay otra posibilidad, debido por ejemplo a que en todas las iglesias de una diócesis las liturgias del Triduo Sacro están ya siendo celebradas en la Forma Ordianria, las liturgias del Triduo Sacro pueden ser adicionalmente celebradas en la Forma Extraordinaria en la misma iglesia en la que ya son celebradas en la Forma Ordinaria, si lo permite el ordinario local.

2. Una Misa en el Usus antiquior puede reemplazar a una Misa programada regularmente en la Forma Ordinaria. La cuestión se plantea en el contexto de que, en muchas iglesias, las Misas dominicales están programadas más o menos continuamente, dejando libres solamente espacios muy inconvenientes de media tarde, pero esto es meramente el contexto, siendo que la cuestión propuesta es general. La respuesta deja el asunto al juicio prudente del párroco, y pone énfasis en el derecho de un grupo estable a asistir a la Misa en la Forma Extraordinaria.

3. Un párroco puede programar una Misa pública en la Forma Extraordinaria por propia iniciativa (sin el pedido de un grupo de fieles) para el beneficio de los fieles, incluso de aquellos que no están familiarizados con el Usus antiquior. La respuesta de la Comisión aquí es idéntica al nº 2.

4. El calendario, las lecturas o los prefacios del Missale Romanum de 1970 no pueden sustituir a las del Missale Romanum de 1962 en las Misas en la Forma Extraordinaria.

5. Mientras que las lecturas litúrgicas (Epístola y Evangelio) tienen que ser leídas por el sacerdote (o diácono/subdiácono) como preven las rúbricas, puede ser leída después, también por un laico, una traducción al vernáculo.

Fuente: The New Liturgical Movement
Traducción: La Buhardilla de Jerónimo

QUARTA-FEIRA DE CINZAS



FOLHETO PARA A FORMA EXTRAORDINÁRIA DO
RITO ROMANO OU RITO GREGORIANO
(LATIM/PORTUGUÊS)


BENÇÃO DAS CINZAS

SANTA MISSA

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Libreria Editrice Vaticana reedita Missal para a Forma Extraordinária do Rito Romano



A Libreria Editrice Vaticana (LEV), editora oficial da Santa Sé, republicou o Missal Editio typica de 1962, também conhecido como de João XIII, indicado pelo Motu Proprio Summorum Pontificum como livro litúrgico próprio para as celebrações na Forma Extraordinária. Pode-se adquirir neste link.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

DOMINGO DA QUINQUAGÉSIMA



P. Vincenzo M. Nuara O.P. alla Pontificia Commissione “Ecclesia Dei”


La notizia è ufficiale: il frate domenicano nisseno P. Vincenzo M. Nuara è stato chiamato a lavorare nella Santa Sede come collaboratore dell’Ecclesia Dei. Padre Nuara è diventato da qualche giorno Officiale della Curia Romana, nominato nella Pontificia Commissione “Ecclesia Dei” della Sacra Congregazione per la Dottrina della Fede. L’Ecclesia Dei è quella Commissione vaticana che si occupa dell’applicazione del Motu Proprio “Summorum Pontificum” sulla Messa in latino, il cui Segretario è Mons. Guido Pozzo ed è presieduta dal Cardinale William Levada, Prefetto della Congregazione per la Dottrina della Fede (ex Sant’Uffizio).

Nato il 13 maggio 1966 a Vallelunga Pratameno in provincia di Caltanissetta, è entrato nell’Ordine dei Frati Predicatori (Domenicani) nel 1986 dopo essere stato alunno del Seminario Vescovile di Caltanissetta e avervi conseguito il diploma di maturità classica. Dopo aver ricevuto l’ammissione agli Ordini sacri da Mons. Alfredo M. Garsia (allora vescovo di Caltanissetta) è entrato nel noviziato dei domenicani a Milano nel convento di S.M. delle Grazie. Ha frequentato gli studi nella Facoltà di Teologia (sez. dogmatica) nella Pontificia Università San Tommaso in Urbe (Angelicum), facendo anche studi specialistici sulle Religioni, il fenomeno della Nuova Religiosità e delle Sette religiose nella Pontificia Università Gregoriana in Roma. Ordinato sacerdote da S. E. Mons. Garsia nella Cattedrale di Caltanissetta nel 1991 e celebrata la prima Messa a Vallelunga, suo paese natale, ha dedicato i primi anni di sacerdozio alla predicazione popolare, di ritiri ed esercizi spirituali e alla promozione e alla cura delle vocazioni domenicane e alla formazione dei candidati all’Ordine nel postulandato di Palermo. Ha insegnato teologia dogmatica a Monreale (PA), Palermo e in Acireale (CT). E’ da vari anni, membro della Associazione Teologica Italiana, dell’Associazione Italiana S. Cecilia e del G.R.I.S. (Gruppo di Ricerca e Informazione Socio-religiosa) di cui è stato presidente regionale della Sicilia fino al 2008, dopo aver fondato a Palermo nel 1994 la sede diocesana del GRIS che ha diretto per dieci anni unitamente ad un Centro di Ascolto per le vittime e i familiari di affiliati alle sétte religiose.

Ha assunto varie responsabilità nell’ Ordine, come Priore del Convento San Rocco in Acireale e San Domenico in Catania e Consigliere di Provincia.

Ha curato per circa dieci anni una trasmissione radiofonica su Radio Maria: “Le sfide della nuova evangelizzazione”.

Ha prestato il suo servizio con diverse responsabilità, nelle diocesi di Palermo (collaboratore dei Cardinali Pappalardo e De Giorgi) e in Acireale come Vicario episcopale della Vita Consacrata. Ha collaborato negli uffici pastorali della Conferenza Episcopale Siciliana (ufficio per l’Ecumenismo e il Dialogo) e nella CISM come segretario diocesano (Acireale) e consigliere regionale della Sicilia. Ha fondato ad Acireale il Centro Culturale P. Vincenzo Lombardo e il movimento “Giovani e Tradizione” (http://www.giovanietradizione.org/) di cui è stato la guida spirituale, e il Sodalizio spirituale per sacerdoti: “Amicizia Sacerdotale Summorum Pontificum” e il movimento “Famiglie per la Tradizione cattolica”.

Da più di un anno vive a Roma nella Curia Generalizia dell’Ordine dei Frati Predicatori, nello storico convento di Santa Sabina fondato da San Domenico.

Neve cobre o Vaticano



No se repetía una escena como esta desde hace 24 años. Nevó tanto en Roma, que la plaza de San Pedro se coloreó de blanco.

Incluso el Papa, que trabajaba en su estudio, se asomó a la ventana para disfrutar del bellísimo espectáculo.

Fonte: Rome Reports

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Papa celebra aparições de Nossa Senhora em Lourdes e Dia Mundial do Enfermo



Cidade do Vaticano, 11 fev (RV) - O Santo Padre presidiu esta manhã, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, a celebração eucarística com os doentes, por ocasião do 18° Dia Mundial do Enfermo que se celebra nesta quinta-feira, memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes.

Em sua homilia o papa frisou que a Igreja tem o compromisso de perpetuar a missão de Cristo, cuidar da evangelização e dar atenção aos doentes, no corpo e no espírito.

"Maria, mãe e modelo da Igreja, seja invocada e venerada como "Salus infirmorum", "Saúde dos enfermos". Como primeira e perfeita discípula de seu Filho, Ela sempre demonstrou, ao acompanhar o caminho da Igreja, uma solicitude especial com os sofredores. Como testemunho disso, milhares de pessoas procuram os santuários marianos para invocar a Mãe de Cristo, e encontram Nela força e alívio" – frisou o papa.

Bento XVI recordou o 25° aniversário do Pontifício Conselho da Pastoral para os Agentes de Saúde, instituído por João Paulo II com o Motu Proprio Dolentium Hominum de 11 de fevereiro de 1985, que mostra a dedicação da Igreja para com os doentes. Instituindo um organismo dedicado à Pastoral da Saúde, a Santa Sé quis dar sua contribuição a fim de "promover um mundo capaz de acolher os doentes como pessoas" - ressaltou o pontífice.

Na memória das aparições, em Lourdes, lugar escolhido por Maria para manifestar sua materna solicitude pelos enfermos, a liturgia de hoje reflete sobre o Magnificat, o canto da Virgem que exalta as maravilhas de Deus na história da salvação.

"O Magnificat é o canto de ação de graças de quem conhece os dramas da vida, mas confia na obra redentora de Deus. É um canto que mostra a fé vivida por gerações de homens e mulheres que colocaram em Deus suas esperanças e se comprometeram, como Maria, a ajudar os irmãos mais carentes. No Magnificat ouvimos a voz de tantos Santos e Santas da caridade" – sublinhou o papa.

O Santo Padre falou ainda sobre o papel dos doentes na Igreja. "Um papel ativo ao provocar, por assim dizer, a oração feita com fé" – disse ainda Bento XVI.

"Quem está doente, chame os presbíteros. Neste Ano Sacerdotal, ressalto com prazer a relação entre doentes e sacerdotes, uma espécie de aliança, de cumplicidade evangélica. Ambos têm um dever: o doente deve chamar os padres e eles devem responder, para atrair, na experiência da doença, a presença e a ação do Ressuscitado e de seu Espírito" – frisou o Santo Padre.

O papa destacou a importância da Pastoral da Saúde, cujo valor é realmente incalculável, "pelo bem imenso que oferece aos enfermos, primeiramente, e ao próprio sacerdote, mas também aos familiares, conhecidos, à comunidade, e através de caminhos misteriosos e desconhecidos, a toda a Igreja e ao mundo".

O Santo Padre lembrou o Papa João Paulo II, que na Carta Apostólica Salvifici Doloris ressalta: "Cristo ensinou o homem a fazer o bem com o sofrimento e, ao mesmo tempo, a fazer o bem a quem sofre. Sob este duplo aspecto, revelou completamente o sentido do sofrimento" (n° 30).

"Que a Virgem Maria nos ajude a viver plenamente esta missão" – concluiu Bento XVI. (MJ)

Bento XVI: que os pregadores, a exemplo de Santo Antônio, procurem unir a doutrina sã e sólida e a piedade sincera e fervorosa



CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010 (ZENIT.org).- Apresentamos, a seguir, a catequese dirigida pelo Papa aos grupos de peregrinos do mundo inteiro, reunidos na Sala Paulo VI para a audiência geral.


Queridos irmãos e irmãs:

Após ter apresentado, há duas semanas, a figura de Francisco de Assis, nesta manhã eu gostaria de falar sobre outro santo pertencente à primeira geração dos Frades menores: Antônio de Pádua ou – como também é conhecido – de Lisboa, referindo-se à sua cidade natal. Trata-se de um dos santos mais populares de toda a Igreja Católica, venerado não somente em Pádua, onde se erigiu uma esplêndida basílica que recolhe seus restos mortais, mas no mundo inteiro. São queridas dos fiéis as imagens e estátuas que o representam com o lírio, símbolo da sua pureza, ou com o Menino Jesus nos braços, lembrando uma aparição milagrosa mencionada por algumas fontes literárias.

Antônio contribuiu de maneira significativa para o desenvolvimento da espiritualidade franciscana, com seus fortes traços de inteligência, equilíbrio, zelo apostólico e, principalmente, fervor místico.

Ele nasceu em Lisboa de uma família nobre, por volta de 1195, e foi batizado com o nome de Fernando. Começou a fazer parte dos cônegos que seguiam a regra monástica de Santo Agostinho, primeiro no mosteiro de São Vicente, em Lisboa, e depois no da Santa Cruz, em Coimbra, renomado centro cultural de Portugal. Dedicou-se com interesse e solicitude ao estudo da Bíblia e dos Padres da Igreja, adquirindo aquela ciência teológica que o fez frutificar nas atividades de ensino e na pregação.

Em Coimbra, aconteceu um fato que marcou uma mudança decisiva em sua vida: em 1220, foram expostas as relíquias dos primeiros cinco missionários franciscanos que haviam se dirigido a Marrocos, onde encontraram o martírio. Este acontecimento fez nascer no jovem Fernando o desejo de imitá-los e de avançar no caminho da perfeição cristã: então ele pediu para deixar os cônegos agostinianos e converter-se em frade menor. Sua petição foi acolhida e, tomando o nome de Antônio, também ele partiu para Marrocos, mas a Providência divina dispôs outra coisa.

Por causa de uma doença, ele se viu obrigado a voltar à Itália e, em 1221, participou do famoso “Capítulo das Esteiras” em Assis, onde também encontrou São Francisco. Depois disso, viveu por algum tempo escondido totalmente em um convento perto de Forlì, no norte da Itália, onde o Senhor o chamou para outra missão. Convidado, por circunstâncias totalmente casuais, a pregar por ocasião da uma ordenação sacerdotal, Antônio mostrou estar dotado de tal ciência e eloquência, que os superiores o destinaram à pregação. Ele começou assim, na Itália e na França, uma atividade apostólica tão intensa e eficaz, que levou muitas pessoas que haviam se separado da Igreja a voltar atrás. Esteve também entre os primeiros professores de teologia dos Frades menores, talvez inclusive o primeiro. Começou a lecionar em Bolonha, com a bênção de Francisco, o qual, reconhecendo as virtudes de Antônio, enviou-lhe uma breve carta com estas palavras: “Eu gostaria que você lecionasse teologia aos frades”. Antônio colocou as bases da teologia franciscana que, cultivada por outras insignes figuras de pensadores, teria conhecido seu zênite com São Boaventura de Bagnoregio e o beato Duns Scotus.

Nomeado como superior provincial dos Frades Menores da Itália Setentrional, continuou com o ministério da pregação, alternando-o com as tarefas de governo. Concluído o mandato de provincial, retirou-se perto de Pádua, onde já havia estado outras vezes. Depois de apenas um ano, morreu nas portas da Cidade, no dia 13 de junho de 1231. Pádua, que o havia acolhido com afeto e veneração em vida, prestou-lhe sempre honra e devoção. O próprio Papa Gregório IX – que, depois de tê-lo escutado pregar, definiu-o como “Arca do Testamento” – canonizou-o em 1232, também a partir dos milagres ocorridos por sua intercessão.

No último período da sua vida, Antônio escreveu dois ciclos de “Sermões”, intitulados, respectivamente, “Sermões dominicais” e “Sermões sobre os santos”, destinados aos pregadores e professores de estudos teológicos da ordem franciscana. Neles, comentou os textos da Sagrada Escritura apresentados pela liturgia, utilizando a interpretação patrístico-medieval dos quatro sentidos: o literal ou histórico, o alegórico ou cristológico, o tropológico ou moral e o anagógico, que orienta à vida eterna. Trata-se de textos teológicos-homiléticos, que recolhem a pregação viva, na qual Antônio propõe um verdadeiro e próprio itinerário de vida cristã. É tanta a riqueza de ensinamentos espirituais contida nos “Sermões”, que o venerável Papa Pio XII, em 1946, proclamou Antônio como Doutor da Igreja, atribuindo-lhe o título de “Doutor Evangélico”, porque destes escritos surge a frescura e beleza do Evangelho; ainda hoje podemos lê-los com grande proveito espiritual.

Nos “Sermões”, ele fala da oração como uma relação de amor, que conduz o homem a conversar docemente com o Senhor, criando uma alegria inefável, que envolve suavemente a alma em oração. Antônio nos recorda que a oração precisa de uma atmosfera de silêncio, que não coincide com o afastamento do barulho externo, mas é experiência interior, que procura evitar as distrações provocadas pelas preocupações da alma. Segundo o ensinamento deste insigne Doutor franciscano, a oração se compõe de quatro atitudes indispensáveis que, no latim de Antônio, definem-se como: obsecratio, oratio, postulatio, gratiarum actio. Poderíamos traduzi-las assim: abrir com confiança o próprio coração a Deus, conversar afetuosamente com Ele, apresentar-lhe as próprias necessidades, louvá-lo e agradecer-lhe.

Neste ensinamento de Santo Antônio sobre a oração, conhecemos um dos traços específicos da teologia franciscana, da qual ele foi o iniciador, isto é, o papel designado ao amor divino, que entra na esfera dos afetos, da vontade, do coração, e que é também a fonte de onde brota um conhecimento espiritual que ultrapassa todo conhecimento. Antônio escreve: “A caridade é a alma da fé, é o que a torna viva; sem o amor, a fé morre” (Sermões Dominicais e Festivos II).

Só uma alma que reza pode realizar progressos na vida espiritual: este foi o objeto privilegiado da pregação de Santo Antônio. Ele conhecia bem os defeitos da natureza humana, a tendência a cair no pecado; por isso, exortava continuamente a combater a inclinação à cobiça, ao orgulho, à impureza e a praticar as virtudes da pobreza e da generosidade, da humildade e da obediência, da castidade e da pureza.

No começo do século XIII, no contexto do renascimento das cidades e do florescimento do comércio, crescia o número de pessoas insensíveis às necessidades dos pobres. Por este motivo, Antônio convidou os fiéis muitas vezes a pensar na verdadeira riqueza, a do coração, que, tornando-os bons e misericordiosos, leva-os a acumular tesouros para o céu. “Ó ricos – exorta – tornai-vos amigos (...); os pobres, acolhei-os em vossas casas: serão depois eles que os acolherão nos eternos tabernáculos, onde está a beleza da paz, a confiança da segurança e a opulenta quietude da saciedade eterna” (Ibid.).

Não seria este, queridos amigos, um ensinamento muito importante também hoje, quando a crise financeira e os graves desequilíbrios econômicos empobrecem muitas pessoas e criam condições de miséria? Em minha encíclica Caritas in veritate, recordo: “A economia tem necessidade da ética para o seu correto funcionamento; não de uma ética qualquer, mas de uma ética amiga da pessoa” (n. 45).

Antônio, na escola de Francisco, sempre coloca Cristo no centro da vida e do pensamento, da ação e da pregação. Este é outro traço típico da teologia franciscana: o cristocentrismo. Alegremente, ela contempla e convida a contemplar os mistérios da humanidade do Senhor, particularmente o do Natal, que suscitam sentimentos de amor e gratidão pela bondade divina.

Também a visão do Crucificado lhe inspira pensamentos de reconhecimento a Deus e de estima pela dignidade da pessoa humana, de forma que todos, crentes e não crentes, possam encontrar um significado que enriquece a vida. Antônio escreve: “Cristo, que é a tua vida, está pregado diante de ti, porque tu vês a cruz como em um espelho. Nela poderás conhecer quão mortais foram tuas feridas, que nenhum remédio teria podido curar, a não ser o sangue do Filho de Deus. Se olhas bem, poderás perceber quão grandes são tua dignidade e teu valor (...). Em nenhum outro lugar o homem pode perceber melhor o quanto vale, a não ser no espelho da cruz” (Sermões Dominicais e Festivos III).

Queridos amigos: que Antônio de Pádua, tão venerado pelos fiéis, interceda pela Igreja inteira, sobretudo por aqueles que se dedicam à pregação. Que estes, inspirando-se em seu exemplo, procurem unir a doutrina sã e sólida, a piedade sincera e fervorosa e a incisividade da comunicação. Neste Ano Sacerdotal, oremos para que os sacerdotes e diáconos levem a cabo com solicitude este ministério de anúncio e atualização da Palavra de Deus aos fiéis, sobretudo através das homilias litúrgicas. Que estas sejam uma apresentação eficaz da eterna beleza de Cristo, precisamente como recomendada Santo Antônio: “Se pregas Jesus, Ele amolece os corações duros; se o invocas, Ele adoça as amargas tentações; se pensas nele, ilumina-te o coração; se o lês, sacia-te a mente” (Sermões Dominicais e Festivos III).

Fonte: Zenit
Tradução: Aline Banchieri
©Libreria Editrice Vaticana

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O povo, sedento de Deus, deseja vivamente que seus sacerdotes sejam homens de Deus



Mensagem aos padres do Brasil do prefeito da Congregação para o Clero


CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010 (ZENIT.org).- Apresentamos a mensagem que o prefeito da Congregação para o Clero, cardeal Cláudio Hummes, enviou aos cerca de 500 padres reunidos desde ontem em Itaici, município de Indaiatuba (São Paulo), para o 13º Encontro Nacional de Presbíteros.


Caros irmãos no sacerdócio,

“Fidelidade de Cristo, fidelidade do Sacerdote!”, eis o tema do Ano Sacerdotal que estamos vivenciando. O Papa Bento XVI deseja que este ano especial seja um tempo de profunda renovação interior dos sacerdotes. Justamente por essa razão, propõe São João Maria Vianney como modelo de vida sacerdotal, um exemplo antigo, mas com uma mensagem de vida e santidade sacerdotal que são perenes e atuais.

A Cura d’Ars dizia que “um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus é o maior tesouro que o Bom Deus possa dar a uma paróquia e uma das dádivas mais preciosas da misericórdia divina”. Ser pastor segundo o coração de Deus, eis o grande desafio para os sacerdotes de todos os tempos, eis o maior tesouro que o nosso Pai poderia oferecer aos fiéis de nossas comunidades.

O sacerdote será Bom Pastor na medida em que, através do exercício quotidiano do seu ministério, se dedicar integralmente a Cristo e, por Ele, com Ele e Nele, aos irmãos, em total fidelidade, sempre a exemplo do mesmo Senhor. Por essa razão, o apelo à fidelidade quer recordar a cada um de nós, o feliz dever de renovar os compromissos assumidos no dia da nossa Ordenação, de sermos, de fato, homens pobres, castos, obedientes, fiéis anunciadores do Evangelho, a todos sem exceção, em espírito de verdadeira comunhão eclesial.

O povo brasileiro, sedento de Deus, deseja vivamente que seus sacerdotes sejam homens de Deus. Por sua vez, o sacerdote não se tornará “homem de Deus” se não for “homem de oração”. Assim sendo, na vida do sacerdote a oração e a intimidade com Deus são essenciais e insubstituíveis. A oração na vida do presbítero ou ocupa um lugar central, ou será um belo ideal, distante de ser concretizado.

O Papa Bento XVI, em sua homilia da Quinta‐feira Santa de 2006, afirma que “ser sacerdote significa ser homem de oração”. Se o trabalho pastoral não for precedido e acompanhado pela oração, perderá seu valor e sua eficácia. O tempo que empregamos no cultivo da amizade com Cristo, na oração pessoal e litúrgica – concretamente na dedicação de um tempo determinado e quotidiano à meditação e na fiel recitação da Liturgia das Horas –, é um tempo de atividade autenticamente pastoral. Por essa razão, o sacerdote deve ser, sempre, um homem de oração. Não nos iludamos: se falta a oração pessoal na vida do presbítero, sua ação pastoral será estéril e correrá o risco de perder de vista o “primeiro Amor”, ao qual entregou incondicionalmente sua vida, naquele dia memorável e cheio de generosidade, o dia da sua ordenação sacerdotal.Em referência à programação para o Ano Sacerdotal, gostaríamos de lembrar‐vos do Encontro Internacional de Sacerdotes, com o Santo Padre, em Roma, nos dias 9, 10 e 11 de junho do ano corrente, por ocasião do encerramento deste tempo de graça. Queremos fazer deste encontro um marcante gesto de comunhão eclesial, com a presença de sacerdotes das várias nações do mundo, junto ao Sucessor de Pedro. Todos são convidados a participar deste evento. Desejamos poder contar com um significativo número de sacerdotes do Brasil, pois poderá significar uma feliz ocasião para agradecer ao Santo Padre seu carinho e atenção para com o povo brasileiro, especialmente depois de sua visita par a abertura da Conferência Geral do Episcopado Latino‐americano e do Caribe, em Aparecida.

Caros irmãos, gostaríamos de exortar‐vos, com aquelas mesmas palavras de São Paulo: “Estai sempre alegres. Orai continuamente. Em todas as circunstâncias, daí graças, porque esta é a vontade de Deus, em Cristo Jesus, a vosso respeito (...) Que o próprio Deus da paz vos santifique inteiramente, e que todo o vosso ser – o espírito, a alma e o corpo – seja guardado irrepreensível para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo!” (1 Tess. 5, 16‐18.23s).

Com estes mesmos sentimentos queremos que continuais a viver o Ano Sacerdotal: sempre alegres, porque grande é o dom da vossa vocação e urgente um novo ardor missionário, a fazer‐se presente no coração sacerdotal de cada um de vós. Despedimo‐nos, implorando ao Senhor Jesus que vos abençoe e santifique com a sua graça!

Cidade do Vaticano, 03 de fevereiro de 2010.

Card. Cláudio Hummes

Arcebispo Emérito de São Paulo - Prefeito da Congregação para o Clero

Dom Mauro Piacenza

Arcebispo tit. de Victoriana - Secretário


Fonte: Zenit

sábado, 6 de fevereiro de 2010

"Deus quer estabelecer, no mundo, a devoção ao meu Imaculado Coração"



No dia 13 de junho de 1917, os videntes não estavam sós, mais de cinquenta pessoas haviam comparecido ao local da 1ª aparição de Fátima.

"Após termos rezado o terço, Jacinta, Francisco e eu, junto a outras pessoas presentes, vimos, novamente, o reflexo da luz que se aproximava (o que nós chamamos de um clarão) e, em seguida, Nossa Senhora surgiu sobre a azinheira, assim como surgira, no mês anterior (maio).

- O que a senhora deseja de mim?

- Quero que venhais aqui, tu e os outros, no dia 13 do mês que vem, que rezeis o terço todos os dias, e que aprendais a ler. Depois direi o que quero.

Eu pedi a Nossa Senhora a cura de um doente.

- Se ele se converter, será curado, ao longo deste ano.

- Queria pedir-lhe que nos levasse para o Céu.

- Sim, a Jacinta e a Francisco, levá-los-ei, em breve. Mas tu ficarás aqui por mais algum tempo. Jesus quer servir-se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. A quem abraçar esta devoção, prometo a salvação; e estas almas serão amadas de Deus, como flores postas por Mim, a adornar o seu trono.

- Eu ficarei aqui sozinha? - perguntei com tristeza.

-Não, filha. Tu sofres muito? Não desanimes. Eu jamais te abandonarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus.

Ao pronunciar estas últimas palavras, Nossa Senhora abriu as mãos e delas, pela segunda vez, difundiu-se o mesmo reflexo daquela luz, daquela claridade imensa, na qual, conseguimos nos ver, como submersos em Deus.

Jacinta e Francisco pareciam estar na parte da luz que se elevava ao Céu, e eu, na parte da luz que se espalhava sobre a terra. Diante da palma da mão direita de Nossa Senhora, se encontrava um coração rodeado de espinhos, como se em sua mão eles estivessem cravados. Compreendemos que era o Coração Imaculado de Maria, ultrajado pelos pecados da humanidade, e que pedia reparação.

Nossa Senhora, como da primeira vez, elevou-se com majestosa serenidade e foi-se distanciando, rumo ao nascente.

Irmã Lúcia de Fátima
Segunda Memória

DOMINGO DA SEXAGÉSIMA



quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Urna com relíquias de Dom Bosco chega a Fortaleza


Desde o dia 21 de janeiro a urna contendo as relíquias de Dom Bosco percorre algumas cidades do Nordeste brasileiro. A peregrinação foi pensada como uma forma digna de preparação ao bicentenário do Fundador da Congregação Salesiana, Dom Bosco. A visita da urna têm despertado no mundo inteiro, a admiração e a gratidão, que todos tem com a figura do fundador dos salesianos que sempre incentivou a juventude. A urna com as relíquias de Dom Bosco chega a Fortaleza no dia 05 vai para o Colégio Juvenal de Carvalho e Colégio Dom Lustosa, que fica na Avenida João Pessoa, 5920 e no dia 06 seguirá para a Catedral Metropolitana onde haverá missa às 08h30 celebrada por Dom José Antônio. Às 10h30min a urna sairá em carreata solene para o Colégio Salesiano Dom Bosco, na paróquia da Piedade, onde ficará em exposição e visitação durante a tarde e parte da noite. A paróquia da Piedade fica na Rua Joaquim Torres, 185, Joaquim Távora. No dia 07, a urna será transladada para Belém – PA.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Cardenal Cañizares: Reavivar el sentido litúrgico en la vida de la Iglesia



Ofrecemos este artículo del Cardenal Antonio Cañizares, Prefecto de la Congregación para el Culto Divino, que ha sido recientemente publicado en la edición española de L’Osservatore Romano pero que, en general, ha pasado desapercibido. En el mismo, que realmente puede ser considerado programático, el purpurado habla de la urgente necesidad de una educación litúrgica en toda la Iglesia y menciona que su dicasterio está trabajando “como en una especie de silencio de Nazaret”.

Se ha cumplido un año del encargo que recibí como prefecto de la Congregación para el culto divino. No es la hora de hacer ningún balance. Este tiempo -todo lo que en él ha acaecido- me ha confirmado en la necesidad apremiante que hay de que la santa liturgia sea en nuestros días el centro y el corazón de la vida de la Iglesia; que sea, como corresponde a su misma naturaleza, en expresión del Vaticano II, «fuente y culmen de la vida cristiana».

Reavivar el espíritu y el verdadero sentido de la liturgia en la vida de la Iglesia, de todos los fieles, es un desafío y cometido principal siempre, pero aún más en estos momentos. Es urgente, en efecto, que se reavive el genuino y verdadero sentido de la liturgia, porque es algo que está en la misma entraña del ser y de la vida de la Iglesia: la liturgia es culto a Dios, instrumento de santificación, celebración de la fe de la Iglesia y medio de su transmisión. En ella se abren las puertas del cielo y los fieles entran en comunión con la santa e indivisible Trinidad, experimentando su participación en la naturaleza divina como don de la gracia. La liturgia es también anticipación de la bienaventuranza final y de la gloria celeste a la que estamos llamados, objeto y meta de la esperanza más grande.

Siempre, pero más todavía, si cabe, en estos momentos de la historia en los que padecemos una tan profunda crisis de Dios en el mundo y una secularización interna de la Iglesia tan fuerte, al menos en Occidente, el reavivar y fortalecer el sentido y el espíritu genuino de la sagrada liturgia en la conciencia y vida de la Iglesia es algo prioritario que apremia como ninguna otra cosa.

La Iglesia, las comunidades y los fieles cristianos tendrán vigor y vitalidad, vivirán una vida santa, serán testigos vivos, valientes, fieles e incansables anunciadores del Evangelio, si viven la liturgia y si viven de ella, si beben de esta fuente y se alimentan de ella, porque así vivirán de Dios mismo, y de su gracia, que es en Quien radica la santificación, la fuerza, la vida, la capacidad y valentía evangelizadora, toda la aportación de la Iglesia a los hombres y al futuro de la humanidad. El futuro del hombre está en Dios: el cambio decisivo del mundo está en Dios -nada más que en Dios- y en su adoración verdadera. Y ahí está la liturgia.

La liturgia nos remite a Dios; el sujeto de la liturgia es Dios, el Padre; es Cristo, el Hijo de Dios vivo; es el Espíritu Santo, que nos introduce en el misterio de Dios y nos santifica, nos hace ser hombres nuevos, hijos suyos, conforme a su voluntad creadora y redentora. El sujeto de la liturgia, como de toda la obra de la salvación, no somos nosotros.

Liturgia significa, ante todo, hablar de Dios, presencia y acción de Dios: reconocer a Dios en el centro de todo, de quien nos viene todo bien; es glorificar a Dios, dejar que Dios actúe y obre su salvación, nos renueve y santifique. La constitución sobre la sagrada liturgia del concilio Vaticano II enseña que el fin de la celebración litúrgica es la gloria de Dios y así la salvación y santificación de los hombres. En la liturgia, «Dios es perfectamente glorificado y los hombres santificados» (Sacrosanctum Concilium, 7); y no olvidemos, por lo demás, que son los santos, santificados por Él, los verdaderos adoradores de Dios, los más y profundos reformadores del mundo, testigos del mundo futuro que no perece.

Como recordaba el entonces cardenal Joseph Ratzinger, el hecho, mirado retrospectivamente, de que la constitución Sacrosanctum Concilium se colocase al comienzo del Vaticano II tiene el sentido preciso de que en el principio «está la adoración. Y, por lo tanto, Dios. Este principio corresponde a las palabras de la Regla benedictina: Operi Dei nihil praeponatur». La Iglesia, por naturaleza, deriva de su misión de glorificar a Dios y, por ella, está irrevocablemente ligada a la liturgia, cuya sustancia es la reverencia y la adoración a Dios, el Dios que está presente y actúa en la Iglesia y por ella.

Una cierta crisis que ha podido afectar de manera importante a la liturgia y a la misma Iglesia desde los años posteriores al Concilio hasta hoy se debe al hecho de que frecuentemente en el centro no está Dios y la adoración de Él, sino los hombres y su capacidad «hacedora». «En la historia del posconcilio ciertamente la constitución sobre la liturgia no fue entendida a partir de este primado fundamental de Dios y de la adoración, sino como un libro de recetas sobre lo que podemos hacer con la liturgia. Sin embargo, cuanto más la hacemos nosotros y para nosotros mismos, tanto menos atrayente es, ya que todos advierten claramente que lo esencial se ha perdido» (J. Ratzinger). Cuando esto sucede, es decir, cuando se pretende que la liturgia la hacemos nosotros, en el fondo sólo nosotros, y esto se impone, entonces los fieles y las comunidades se secan, se debilitan y hasta languidecen.

En definitiva, si queremos una Iglesia presente en el mundo, renovándolo y transformándolo conforme al querer de Dios, tal y como señala emblemáticamente la Gaudium et spes y el magisterio social de la Iglesia, es preciso que, primero y por encima de todo, sea una Iglesia que viva de Dios y de cuanto de Él viene, es decir, de cuanto entraña y acontece en la liturgia de la Iglesia. Es lo que nos enseña y recuerda la Sacrosanctum Concilium.

Por ello, de lo que se trata en los momentos que vivimos, lo más urgente sin duda, es promover y reavivar un nuevo impulso litúrgico que haga revivir la verdadera herencia del concilio Vaticano II y de aquel gran movimiento litúrgico del siglo XIX y primera mitad del XX, en la mente de todos, que desembocó y fecundó la Iglesia en el Vaticano II.

Tenemos necesidad -sin duda una grandísima necesidad- de este nuevo. impulso. Así lo ve con una lucidez y claridad meridiana un hombre tan providencial de nuestros días, testigo de la esperanza «grande» y comprometido como pocos en hacer posible que surja con fuerza una humanidad nueva hecha de hombres nuevos, así como una nueva cultura y un mundo nuevo, dignos del hombre: el Papa Benedicto XVI. Él está haciendo de la liturgia uno de los distintivos más ricos y esperanzadores de su pontificado. En plena conformidad con nuestro Papa sentimos y tenemos la necesidad y el deber de conducir la liturgia hacia una renovación profunda y verdaderamente conciliar.

El Papa, a través de sus escritos, sobre todo de la exhortación apostólica Sacramentum caritatis y de sus gestos, aprecia y valora profundamente el camino genuino de la reforma conciliar, y trata de conducir a toda la Iglesia hacia un profundo redescubrimiento de la liturgia en fidelidad a las fuentes conciliares, en continuidad con la gran Tradición de la Iglesia e intenta enriquecerla con los tesoros y rica herencia de esa Tradición. Incluso liberarla de introducirse, por una u otra causa, bajo el influjo de una mentalidad que no ha interpretado bien el Concilio dentro de la «hermenéutica de la continuidad», y así lo ha empobrecido u oscurecido.

El Papa Benedicto XVI, antes de serlo, ha hablado de todo un proceso educativo que debiera conducir, en toda la Iglesia, al «culto razonable» a Dios (cf. Rm 12, 1). «Es urgente una vuelta al espíritu de la renovación litúrgica; no necesitamos nuevas formas para derivar cada vez más hacia lo externo, sino formación y reflexión, esa profundización mental sin la cual cualquier celebración degenera en exterioridad rápidamente» (J. Ratzinger).

La obra del Papa actual ha seguido, está siguiendo, ese mismo proceso educativo que él pide, de ir al «espíritu» de la liturgia para superar de este modo un pensamiento extrinsecista acerca de ella, que parece predominar en algunos ámbitos, y que ya denunciaba en su tiempo Pío XII, en su gran encíclica «litúrgica» Mediator Dei, al señalar que «no tienen noción exacta de la sagrada liturgia los que la consideran como una parte sólo externa y sensible del culto divino o un ceremonial decorativo; ni se equivocan menos los que la consideran como un mero conjunto de leyes y de preceptos con que la jerarquía eclesiástica ordena el cumplimiento de los ritos».

Es indudable que una profundización y una renovación de la liturgia era necesaria; y así lo vio la Iglesia, asistida por el Espíritu Santo, en el Vaticano II. Pero, con frecuencia no ha sido una operación perfectamente lograda con toda la hondura y alcance que el Concilio reclamaba. Una buena parte, de hecho, de la constituciónSacrosanctum Concilium parece que todavía no ha entrado plenamente en el corazón del pueblo cristiano, sobre todo el llamado «espíritu» de la liturgia. Ha habido un cambio en las formas, pero tal vez no se ha dado suficientemente una honda y verdadera, o al menos suficiente, renovación, como pedían los padres conciliares, animados por el Espíritu de la verdad que alienta a la Iglesia.

A veces se ha cambiado por el simple gusto de cambiar respecto de un pasado percibido como totalmente negativo y superado, concibiendo la forma como una ruptura y no como un desarrollo orgánico de la Tradición. No se puede abandonar la herencia histórica de la Iglesia, su gran Tradición, y establecer todo ex novo; tal comportamiento sería como quitar la tierra debajo de los pies. El propio Vaticano II se ha leído por muchos en una clave diferente a una genuina hermenéutica del mismo que, como ha señalado el Papa Benedicto XVI, no puede ser otra que una hermenéutica de la continuidad. Desde ésta se pueden, además, abrir los tesoros de la liturgia a todos los fieles, posibilitándole descubrimiento de los tesoros del patrimonio litúrgico de la Iglesia a quienes lo desconocen todavía.

Para impulsar una renovación profunda de la liturgia y una revitalización vigorosa de la misma en la vida de la Iglesia, tal y como el Vaticano II, asistido por el Espíritu Santo, indica y reclama, es preciso recurrir hoy a las enseñanzas lúcidas del Papa, obviamente en cuanto Papa, pero también, y no menos, debemos recurrir a sus enseñanzas anteriores como profesor, pastor, arzobispo y prefecto, que ha tratado tantas veces y con tan diferentes motivos de la liturgia. (La publicación de sus obras completas, de las que el primer volumen aparecido en alemán ha querido él mismo -todo un signo- que sea el que recoja sus escritos litúrgicos, ayudará, sin duda mucho, a recuperar hoy con fuerza el sentido y espíritu de la santa liturgia).

El punto de vista teológico es el que prima en el punto de mira y en la enseñanza del Papa; y aquí radica también su máximo interés, porque sin una fundamentación teológica, sin una base de una buena teología litúrgica, cristológica y eclesiológica inseparablemente unidas, no se llevará adelante la tan necesaria y urgente revitalización de la liturgia en la vida del pueblo de Dios. El Papa va al fondo y a lo esencial de la cuestión litúrgica; así, dice y pone por escrito aquello que considera la esencia de la sagrada liturgia, es decir, aquello que no se puede perder, aquello a lo que no se puede en modo alguno renunciar. Él, como sabemos, se preocupa muy mucho de exponer una y otra vez cuál es la verdadera esencia de la liturgia como lugar y acontecimiento absolutamente central en la Iglesia y como enteramente irrenunciable para el hombre.

El Papa, además, es muy consciente de que es en el ámbito litúrgico donde se puede observar y conservar con más nitidez la continuidad de la gran Tradición -también donde puede darse su ruptura más grave y profunda-. Esto, además, es fundamental en nuestros días, en los que la urgencia máxima de la Iglesia es la transmisión -traditio- de la fe, para que el mundo crea, se salve y tenga futuro y camine en esperanza. Su reflexión, como todo su quehacer teológico y magisterial, por otra parte, no se realiza en abstracto, sino que tiene muy presente la historia así como situaciones reales del desarrollo concreto de la liturgia y de cómo se actúa, en muchas ocasiones, desfigurando la verdad de la liturgia.

Pero además, como él mismo lo reconoce y confiesa en su propia autobiografía: «Así como había aprendido a comprender el Nuevo Testamento como alma de toda la teología, del mismo modo entendí la liturgia como el fundamento de la vida, sin la cual ésta acabaría por secarse. Por eso, consideré, al comienzo del Concilio, el esbozo preparatorio de la constitución sobre la liturgia que acogía todas las conquistas esenciales del movimiento litúrgico como un grandioso punto de partida para aquella asamblea eclesial. No era capaz de prever que los aspectos negativos del movimiento litúrgico volverían con mayor fuerza, con serio riesgo de llevar directamente a la autodestrucción de la liturgia» (J. Ratzinger). Tan en su entraña lleva el Papa la liturgia que, en su misma autobiografía, llega a decir algo que nos da la clave de cómo la liturgia, desde niño, ha estado en su experiencia humana más rica y profunda hasta hoy: «La inagotable realidad, dice, de la liturgia católica, me ha acompañado a lo largo de todas las etapas de mi vida; por este motivo, no puedo dejar de hablar continuamente de ella» (J. Ratzinger).

Necesitamos, pues, imbuirnos del pensamiento y directrices del Papa en el campo de la liturgia y de su teología litúrgica para un nuevo impulso en el movimiento litúrgico, por tantos motivos apremiantes. El conocer y dar a conocer, estudiar y aplicar sus enseñanzas, su pensamiento, sus orientaciones es, a mi entender, una de las tareas y posibilidades que la providencia de Dios nos ofrece y abre en estos momentos tan necesitados, sobre todo, de Dios, para que el hombre no perezca. La Congregación para el culto divino está empeñada en propiciar y promover el estudio y la divulgación del pensamiento y la obra litúrgica de Benedicto XVI, entre sacerdotes y fieles, como aportación insustituible, en estos momentos, si queremos en verdad reavivar el genuino espíritu y significado de la liturgia.

Este estudio y difusión de las enseñanzas del Papa, leídas en el horizonte y óptica de la hermenéutica de la continuidad, junto con una nueva profundización y amplia divulgación de las claves y la doctrina de la constitución conciliar Sacrosanctum Concilium -de la que, en el año 2013, celebraremos con acción de gracias, los cincuenta primeros años de su aprobación y promulgación-, habrán de encaminarse a suscitar un gran movimiento, nuevo y empeñado, de formación litúrgica -objetivo prioritario de la Congregación- tanto de los sacerdotes como de las personas consagradas, y de los fieles, a través de diversos medios y cauces.

Estoy convencido de que la promoción y la revitalización del sentido genuino de la liturgia no puede ser fruto de un cierto voluntarismo o de sólo una serie de medidas administrativas, disciplinares y pastorales, que por lo demás también habrán de tenerse en cuenta, sin duda; no se trata, sin más, de nuevos cambios o de introducción o supresión de signos, de formas o de usos, sino que, ante todo y sobre todo, se trata de impulsar una gran obra educativa interior, una «iniciación» cristiana, que lleve a descubrir y vivir la verdad de la liturgia, del culto divino católico auténtico de la Iglesia.

Esto implica y requiere, sin duda, muchas cosas, entre otras: el propiciar entrar «dentro» de la liturgia; y gozar y experimentar desde ese «dentro», desde su interior más propio, no desde fuera o desde la superficie externa, lo que es su naturaleza, su estructura más íntima, su singular belleza, y su lugar y significación en la vida de la Iglesia y de los fieles. Lo mismo que para contemplar, saborear y gozar de la belleza y de la riqueza tan grande, por ejemplo, de la catedral de Toledo hay que entrar dentro de ella y «descansar» en ella; también para saborear y gozar de cuanto acontece en la liturgia hay que entrar y estar «dentro» de la liturgia, vivirla, sumergirse en ella, sumergirse en el Misterio inefable que en ella acontece y se hace presente como don y gracia desbordantes. Y esto requiere una inmensa tarea de formación y una labor tendente a poder ofrecer a todos, en el acontecer mismo de la celebración, vivir la verdad y la belleza, el Misterio infinito de amor que en ella se hace presente. Es en lo que está trabajando, como en una especie de «silencio de Nazaret», la Congregación para el Culto: éste es, creo, su servicio a la Iglesia, el que debe empeñar y llenar todas sus energías.

Es preciso reconocer que todavía queda mucho por asimilar del Vaticano II en lo que se refiere a la liturgia, y no menos lo que se necesita asumir de la tradición litúrgica eclesial en su conjunto. La verdadera renovación, más que recurrir a actuaciones arbitrarias, consiste en desarrollar cada vez mejor la conciencia del sentido del Misterio, de modo que la liturgia sea momento de comunión con el misterio grande y santo de la Trinidad. Celebrando los actos sagrados como relación con Dios y acogida de sus dones, como expresión de auténtica vida espiritual, como adoración, la Iglesia podrá alimentar verdaderamente su esperanza y ofrecerla a quien la ha perdido.

En las celebraciones hay que poner como centro a Jesucristo, presente y actuante en ellas, para dejarnos iluminar y guiar por Él. La liturgia de la Iglesia no tiene como objeto calmar lo deseos y los temores del hombre, sino escuchar y acoger a Jesús, que vive, honra y alaba al Padre, para alabarlo y honrarlo con Él. Las celebraciones eclesiales proclaman que nuestra esperanza nos viene de Dios por medio de Jesús nuestro Señor.

Para todo ello se requiere ese gran esfuerzo de formación que ha de ser impulsada y moderada de manera muy particular y principal por los obispos. Esta formación se orienta a favorecer la comprensión del verdadero sentido de las celebraciones de la Iglesia y requiere, además, una adecuada instrucción sobre los ritos, una auténtica espiritualidad y una educación para vivirla en plenitud. Por tanto, se ha de promover una auténtica «mistagogia litúrgica».

Subrayo que, en esta formación, se trata de dos aspectos inseparables: un aspecto es la instrucción –fundamentalmente teológica y doctrinal- sobre la liturgia y sus ritos, la iniciación cristiana en cuanto de ellos se significa y en aquello que reclama de quienes participan en la liturgia; y el otro aspecto es la participación misma en la liturgia, verdaderamente viva conforme al sentir y pensar de la Iglesia. Esta formación litúrgica no sólo ha de ser una formación doctrinal, teológica, sobre la naturaleza y la verdad de la liturgia y de las acciones litúrgicas sino que, de manera muy principal, ha de comportar un cuidado exquisito de la vida litúrgica de las comunidades, de la celebración en sí misma, de modo que esta constituya el alma y el corazón de toda la vida de las mismas comunidades.

Para esta formación, además de la constitución Sacrosanctum Concilium, y del Catecismo de la Iglesia Católica –imprescindible instrumento para toda la formación cristiana en general, y en lo particular que se refiere a la liturgia-, así como de otras enseñanzas y directrices del Magisterio de la Iglesia sobre la divina liturgia, tan rico a raíz del Concilio hasta hoy, habrá que facilitar instrumentos y orientaciones para dicha formación para diferentes destinatarios y con distintos cauces; habrá también que enriquecer los Praenotanda con las enseñanzas de los últimos Papas, de los Sínodos y la experiencia de lo acaecido durante las últimas décadas en la Iglesia y en el campo específico de la liturgia como signo de lo que el Espíritu dice a la Iglesia; habremos de estar muy atentos a la liturgia del Papa, a los signos y gestos que en ella se ponen de relieve, y que son indicativos de su magisterio, de por dónde hay que caminar; deberemos, asimismo, atender al canto, tan principal y de tanta incidencia educativa positiva y a veces negativa; habrá que cuidar mucho expresiones, signos y gestos en la liturgia, e incluso recuperar algunos de ellos perdidos u olvidados; no deberemos olvidar jamás el arte de la liturgia, la dignidad y belleza de los espacios celebrativos, que inviten a entrar en el Misterio que acontece en la liturgia y que ayuden a «ver y palpar» la «grandeza sobrecogedora» de lo que es y significa el «universo» o ámbito propio de la liturgia. Habrá que «mejorar» las celebraciones y llevar a cabo un grande y generalizado esfuerzo de catequización, de iniciación o de reiniciación cristiana, integral, de todo el pueblo de Dios, fuertemente arraigada y apoyada en el Catecismo de la Iglesia Católica.

En suma, nos sentimos urgidos a impulsar un nuevo, vigoroso, intenso y universal movimiento litúrgico, conforme al « derecho» de Dios y a lo que Él merece, y a las enseñanzas que la Iglesia ofrece. Que Dios nos ayude, o mejor, que nos dejemos ayudar por Él para que podamos ofrecerle «por Cristo, con Él y en Él, en la Unidad del Espíritu Santo, todo honor y toda gloria».

Fuente: La Buhardilla