Madri, 21 ago (RV) Bento XVI apelou hoje aos jovens católicos de todo o mundo para que testemunhem a sua fé publicamente, mesmo em “lugares onde prevalece a rejeição ou a indiferença”.
O Papa falava na homilia da missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2011, no aeródromo madrileno de Cuatro Vientos, onde se encontram mais de um milhão e meio de jovens.
Retomando uma ideia já apresentada durante a visita de quatro dias à capital espanhola, iniciada quinta-feira, Bento XVI alertou contra a “mentalidade individualista que predomina na sociedade”, frisando que os jovens correm “o risco de nunca encontrar Jesus Cristo, ou de acabar seguindo uma imagem falsa dele”.
O espaço de Cuatro Vientos, onde João Paulo II esteve em 2003 na sua última viagem a Espanha, foi alargado pela organização do evento, após ter sido completamente lotado este sábado pelos participantes na JMJ, vindos de mais de 130 países.
A homilia de Bento XVI centrou-se no evangelho deste domingo, com a profissão de fé de Pedro, que confessa Jesus como “o Filho do Deus vivo”, em resposta à interpelação do Mestre: “Quem dizeis vós que eu sou?”
“Pedro responde formulando a primeira confissão de fé: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo». A fé vai mais longe que os simples dados empíricos ou históricos, e é capaz de apreender o mistério da pessoa de Cristo na sua profundidade. A fé, porém, não é fruto do esforço do homem, da sua razão, mas é um dom de Deus”.
Justamente lhe diz Jesus «És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas o meu Pai que está no Céu». A fé tem a sua origem na iniciativa de Deus, que nos desvenda a sua intimidade e nos convida a participar da sua própria vida divina.
“A fé não se limita a proporcionar alguma informação sobre a identidade de Cristo, mas supõe uma relação pessoal com Ele, a adesão de toda a pessoa, com a sua inteligência, vontade e sentimentos, à manifestação que Deus faz de Si mesmo. Deste modo, a pergunta de Jesus: «E vós, quem dizeis que Eu sou?», no fundo está impelindo os discípulos a tomarem uma decisão pessoal em relação a Ele.”
Para nós, como para os próprios apóstolos, “a fé tem que se consolidar e crescer, tornar-se mais profunda e madura, à medida que se intensifica e fortalece a relação com Jesus, a intimidade com Ele”.
O Papa exortou os jovens a responderem pessoalmente, “com generosidade e coragem”, à interpelação direta que Jesus faz a cada um. Dizei-Lhe: Jesus, eu sei que Tu és o Filho de Deus que deste a tua vida por mim. Quero seguir-Te fielmente e deixar-me guiar pela tua palavra. Tu conheces-me e amas-me. Eu confio em Ti e coloco nas tuas mãos a minha vida inteira. Quero que sejas a força que me sustente, a alegria que nuca me abandone.
Mas, na sua reposta à confissão de Pedro (prosseguiu o Papa), Jesus fala da sua Igreja: «Também Eu te digo: Tu é Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja».
“Jesus constrói a Igreja sobre a rocha da fé de Pedro, que confessa a divindade de Cristo. Sim, a Igreja não é uma simples instituição humana, como outra qualquer, mas está intimamente unida a Deus. O próprio Cristo Se refere a ela como a «sua» Igreja.”
“Não se pode separar Cristo da Igreja, tal como não se pode separar a cabeça do corpo – insistiu Bento XVI. A Igreja não vive de si mesma, mas do Senhor.”
“Queridos jovens, permiti que, como Sucessor de Pedro, vos convide a fortalecer esta fé que nos tem sido transmitida desde os apóstolos, a colocar Cristo, Filho de Deus, no centro da vossa vida. Mas permiti também que vos recorde que seguir Jesus na fé é caminhar com Ele na comunhão da Igreja”.
O Papa pediu aos jovens para não cederem à “tentação de ir «por conta própria» ou de viver a fé segundo a mentalidade individualista, que predomina na sociedade”.
“Ter fé é apoiar-se na fé dos teus irmãos, e fazer com que a tua fé sirva também de apoio para a fé de outros. Peço-vos, queridos amigos, que ameis a Igreja, que vos gerou na fé, que vos ajudou a conhecer melhor Cristo, que vos fez descobrir a beleza do Seu amor.”
A concluir, Bento XVI pediu aos jovens que não guardem para si só o conhecimento e o amor de Jesus Cristo, mas comuniquem aos outros “a alegria da própria fé”, pois o mundo necessita deste testemunho.
O presidente do Conselho Pontifício para os Leigos, cardeal Stanislaw Rylko, dirigiu ao Papa palavras de agradecimento, sublinhada por uma salva de palmas dos presentes, e disse que os jovens “estão prontos de sair de Madrid para o mundo inteiro”.