10 ANOS!
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Dia 18 deste mês de janeiro, fez 10 anos da criação da nossa Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, evento que celebraremos durante todo esse ano de 2012, usando como lema a frase do salmo 88: “Misericordias Domini in aeternum cantabo” – “Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor”, e como tema: “10 anos de graças: gratidão, reflexão e missão”. Fim de uma crise, começo de uma nova história.
Por ocasião do Jubileu do ano 2000, proclamado pelo saudoso Papa Beato João Paulo II, a Santa Sé propôs uma reconciliação aos padres da União Sacerdotal São João Maria Vianney. Fui portador da carta ao Papa, que chorou ao ouvir sua leitura, na qual dizíamos:
“Beatíssimo Padre, humildemente prostrados aos pés de Vossa Santidade, nós, Sacerdotes da União Sacerdotal São João Maria Vianney, da Diocese de Campos..., pedimos vênia para formular ao Vigário de Cristo o nosso pedido e manifestar-lhe a nossa gratidão. Não temos nenhum título para Lhe apresentar: somos os últimos sacerdotes do seu presbitério. Não possuímos nem distinções, nem qualidades, nem méritos. A nossa condição, honrosa aliás, de ser ovelha desse rebanho basta para atrair a atenção de Vossa Santidade. O único título que, pela graça de Deus, ostentamos com brio é o de católicos apostólicos romanos. E em nome dessa nossa Fé católica apostólica romana temos nos esforçado por guardar a Sagrada Tradição doutrinária e litúrgica que a Santa Igreja nos legou e, na medida das nossas fracas forças e amparados pela graça de Deus, resistir ao que o seu predecessor de egrégia memória, o Papa Paulo VI, chamou de ‘autodemolição da Igreja’, esperando desse modo estar prestando o melhor serviço à Vossa Santidade e à Igreja. Beatíssimo Padre, embora sempre nos tenhamos considerado dentro da Igreja Católica, da qual nunca jamais tivemos a intenção de nos separar, contudo devido à situação da Igreja e a problemas que afetaram os católicos da linha tradicional, que são do conhecimento de Vossa Santidade e cremos, enchem o seu coração e o nosso de dor e angústia, fomos considerados juridicamente à margem da Igreja. É esse o nosso pedido: que sejamos aceitos e reconhecidos como católicos... E se, por acaso, no calor da batalha em defesa da verdade católica, cometemos algum erro ou causamos algum desgosto a Vossa Santidade, embora a nossa intenção tenha sido sempre servir à Santa Igreja, humildemente suplicamos o seu paternal perdão...” (15/8/2001).
Em sua resposta afirmativa, o Papa afirma: “acolhendo com afeto o vosso pedido de ser recebidos na plena comunhão da Igreja Católica, reconhecemos canonicamente a vossa pertença a ela”, e nos assegura que a nossa União Sacerdotal será “erigida canonicamente como Administração Apostólica de caráter pessoal, diretamente dependente da Sé Apostólica”, “forma jurídica de reconhecimento da vossa realidade eclesial, para assegurar o respeito de vossas características peculiares”. A realização dessa vontade do Papa concretizou-se no dia 18 de janeiro de 2002, na Catedral diocesana de Campos. Fim da divisão! Uma vitória da Igreja!
Publicado na Folha da Manhã de Campos
Coetus Sacerdotalis Summorum Pontificum