domingo, 6 de fevereiro de 2011

Papa em ordenação de cinco novos bispos: O ser intrépido, ter a coragem de se opor às correntes do momento, pertence de modo essencial à tarefa do Pastor


Bishops and cardinals attend the holy mass and rite of Episcopal ordination lead by Pope Benedict XVI at the St. Peter's basilica at the Vatican on February 5, 2011.


Cidade do Vaticano, 05 fev (RV) -O Papa Bento XVI celebrou a Santa Missa na manhã deste sábado na Basílica de São Pedro durante a qual ordenou cinco novos bispo que exercerão seu ministério na Cúria Romana e na Representações Pontifícias. São eles: Dom Savio Hon Tai-Fai, chinês, 59 anos, salesiano, Secretário da Congregação para a Evangelização dos Povos; Dom Marcelo Bartolucci, italiano, 66 anos, Secretário da Congregação das Causas dos Santos; Dom Celso Morga Iruzibieta, espanhol, 63 anos, Secretário da Congregação para o Clero; António Guido Filipazzi, italiano, 47 anos, Núncio Apostólico; e Edgar Peña Parra, venezuelano, 50 anos, Núncio Apostólico.

Na sua homilia Bento XVI recordou o trecho do Atos dos Apóstolos sobre a comunidade primitiva de Jerusalém, tema da recente Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. O Papa sublinhou alguns aspectos da missão episcopal, observando que “o Pastor não deve ser um bambu de um pântano que se inclina conforme o vento sopra, mas um servo do espírito do seu tempo”...

“O ser intrépido, ter a coragem de se opor às correntes do momento, pertence de modo essencial à tarefa do Pastor. Não deve ser um bambu de pântano, mas sim – segundo a imagem do Salmo 1 – ser como uma árvore que tem raízes profundas, nas quais permanece firme e bem fundamentado”. “Isso – precisou o Papa – não tem nada que ver com a rigidez ou a inflexibilidade. Só onde existe estabilidade existe também crescimento”.

Em seguida recordando o cardeal Newman, com as suas três “conversões”. Ele dizia que “viver é transformar-se”. Mas – insistiu Bento XVI – “as suas três conversões e as transformações correspondentes constituem, contudo, um único caminho coerente: o caminho da obediência em direção à verdade, em direção a Deus; o caminho da verdadeira continuidade que precisamente assim faz progredir”.

“A fé tem um conteúdo concreto” – sublinhou depois o Papa, comentando a expressão “perseverar no ensinamento dos Apóstolos”. “A fé não é uma espiritualidade indeterminada, uma sensação indefinível pela transcendência. Deus agiu e falou fez realmente algo. Podemos contar sobre a estabilidade da sua Palavra”. “Estando em comunhão com os Apóstolos, permanecendo na sua fé, nós próprios estamos em contato com o Deus vivo”.

“É para este objetivo - continuou o Papa - que serve o ministério dos Bispos: que não se interrompa esta corrente, esta sucessão da comunhão”. É esta a essência da Sucessão apostólica: conservar a comunhão com aqueles que encontraram o Senhor de modo visível e tangível, mantendo assim aberto o Céu, a presença de Deus no meio de nós. “Só mediante a comunhão com os Sucessores dos Apóstolos estamos também em contato com o Deus encarnado”. Vale também o contrário – observou o Papa: “só graças à comunhão com Deus, só graças à comunhão com Jesus Cristo, se mantém unida esta corrente de testemunhas”.

“Nunca se é bispo sozinho, diz o Vaticano II, mas sempre só no colégio dos Bispos. E isto não se pode confinar no tempo da própria geração. À colegialidade pertence o entrelaçar de todas as gerações, a Igreja viva de todos os tempos. Vocês queridos irmão, têm a missão de conservar esta comunhão católica, acrescentou o Papa.

Na sua homilia Bento XVI comentou ainda a “fração do pão”, que caracteriza a comunidade inicial de Jerusalém, recordando que “a santa Eucaristia é o centro da Igreja e deve ser o centro do nosso ser cristãos e da nossa vida sacerdotal”.

“A dimensão social, a partilha não é um apêndice moral que se acrescenta à Eucaristia, mas é parte dela”. “A fé se exprime sempre no amor e na justiça de uns para com os outros e que a nossa praxis social se inspire na fé; e que a fé seja vivida no amor, destacou Bento XVI”. (SP)