segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Dom Fernando Rifan: "Promovemos um grande serviço oferecendo a interpretação correta dos documentos conciliares"


O caminho que o Papa quer ver a FSSPX percorrer já foi trilhado no Brasil. Na década de 1970, dom Fernando Rifan se preparava para o sacerdócio em um clima de crítica ao Vaticano II. “No auge da crise pós-conciliar, os modernistas pregavam aos quatro ventos a ideia de que o Vaticano II tinha mudado a Igreja, que era uma ruptura com o catolicismo do passado. Nós, vendo que os modernistas interpretavam assim, achamos que era isso mesmo que o Concílio pretendia. No fim, acabamos tendo a mesma interpretação dos modernistas, mas eles a adotavam, e nós a criticávamos”, conta.

Hoje, dom Fernando é administrador apostólico em Campos (RJ), onde está sediada a
Administração Apostólica São João Maria Vianney, dedicada a celebrar e divulgar a missa no rito tradicional, anterior a 1969 – e aceita o Vaticano II em sua plenitude. No Jubileu do ano 2000, João Paulo II convidou a FSSPX e os padres de Campos para negociar a reconciliação. As conversas com a FSSPX não prosperaram, mas os brasileiros mostraram mais disposição, e o Papa erigiu a Administração Apostólica em 2002.

Dom Fernando considera o fim das excomunhões apenas o começo de um processo. “O Papa não está dizendo que agora é legítimo recusar o Vaticano II. Seu gesto é um convite ao diálogo sobre o Concílio, para que a FSSPX também chegue aonde nós chegamos”, afirma, acreditando que o retorno dos tradicionalistas fortalece a Igreja e o próprio Vaticano II. “Promovemos um grande serviço oferecendo a interpretação correta dos documentos conciliares. E a FSSPX pode fazer isso em nível praticamente mundial, por estar presente em muitos países”, acrescenta. Se fizerem isso, os padres e bispos tradicionalistas poderão vencer as resistências que dom Fernando e seus padres também enfrentaram no começo.

Fonte: Gazeta do Povo