sábado, 30 de abril de 2011

Nota del Maestro de las Celebraciones Litúrgicas Pontificias sobre la celebración para la Beatificación del Siervo de Dios Juan Pablo II


Libro de la Beatificación en pdf
 

II DOMINGO DE PASCUA

BEATIFICACIÓN DE JUAN PABLO II


Desarrollo de la celebración

Está previsto un tiempo de preparación a la celebración eucarística, que comenzará a las 9 a.m. y será animada por el Coro de la Diócesis de Roma, dirigido por Mons. Marco Frisina. Los textos en los diversos idiomas serán leídos por los miembros de la postulación que en los últimos años han trabajado en el proceso de beatificación de Juan Pablo II. En este tiempo será recitada en diferentes idiomas, la coronilla de la Divina Misericordia, considerando se unión con la Beatificación y con el II Domingo de Pascua o de la Divina Misericordia. La imagen de Divina Misericordia, traída de la Iglesia del Espíritu Santo en Sassia, estará presente en la parte elevada de plaza, frente a la Basílica hasta el comienzo de la Santa Misa.

La celebración tiene las características típicas de las celebraciones de beatificación. El Rito está inserto dentro de la Santa Misa y se lleva a cabo inmediatamente después de los Ritos de introducción y el Acto penitencial. El cardenal Agostino Vallini, Vicario General de Su Santidad para la Diócesis Roma, pide que se proceda a la Beatificación del Siervo de Dios Juan Pablo II. Después, lee una breve biografía del Siervo de Dios Juan Pablo II. Inmediatamente el Santo Padre pronuncia la fórmula de Beatificación. Sigue la colocación en el altar de las reliquias del nuevo Beato mientras viene develada la imagen del Beato, colocada bajo el balcón central de la Basílica Vaticana. Al final del rito, el cardenal Vallini da las gracias al Santo Padre y, junto con el Postulador, se acerca al Papa para el abrazo de la paz. La Misa continúa con el canto del "Gloria".

Al final de la Celebración de la Eucaristía, el Santo Padre, junto con los Señores Cardenales celebrantes, se dirige al interior de la Basílica para realizar el acto de veneración ante el cuerpo del nuevo Beato. Luego de las autoridades presentes y los Obispos, también los demás fieles podrán cumplir con el acto de culto.

Algunos particularidades

- Concelebraran con el Santo Padre los Señores Cardenales. A ellos se unirá sus Excelencia Monseñor Mieczyslaw Mokrzycki, secretario de Juan Pablo II de 1995 al 2005 2º.

- La procesión de entrada se iniciará desde el Portón de Bronce y continuará por la nave central de la Plaza San Pedro.

- El cáliz utilizado por el Santo Padre es aquel que generalmente utilizó Juan Pablo II en los últimos años de su pontificado

- La casulla y mitra usadas por el Santo Padre fueron realizados bajo el pontificado de Juan Pablo II y utilizados a menudo por él.

- La imagen presente en el balcón central de la Basílica de San Pedro, develada en en el momento de la beatificación, es una reproducción fotográfica del Papa Juan Pablo II en 1995.

- La reliquia que será expuesta a la devoción de los fieles es un pequeño frasco de sangre, contenida en un precioso relicario preparado especialmente por la Oficina de las Celebraciones Litúrgicas del Papa (véase la nota de prensa, boletín N 241). La reliquia será llevada al Altar por algunos jóvenes de la Diócesis de Roma y de la diócesis de donde viene la religiosa que recibió el milagro; de Sor Tobiana, de la Congregación de las Esclavas del Sagrado Corazón de Jesús, quien sirvió en el departamento de Juan Pablo II en su pontificado y la hermana Marie Simón Pierre, de la Congregación de las Petites Soeurs des Maternités (Pequeñas Hermanas de la Maternidad), que fue sanada milagrosamente por el nuevo Beato.

- Los arreglos florales de la plaza son cortesía de la Regione Puglia y la Società cooperativa Progetto 2000, Polifor (Ravenna), Associazione Vivai Pistoiesi, Interflora Italia

- La parte musical está a cargo de la Pontificia Coral conocida como "Sistina", junto con la orquesta del Conservatorio de Santa Cecilia y el Coro de la Diócesis de Roma.

- El servicio litúrgico está a cargo de los seminaristas del Seminario Mayor de Roma. Los Diáconos son los ordenandos sacerdotes este año para la Diócesis de Roma.



Vigília da Beatificação no Circo Máximo revela aspectos desconhecidos de João Paulo II



Intervenções de Ir. Marie Simon-Pierre, Navarro-Valls e cardeal Dziwisz

Por Jesús Colina

ROMA, sábado, 30 de abril de 2011 (ZENIT.org) - As 200 mil pessoas que participaram na noite deste sábado da vigília de preparação para a beatificação de João Paulo II descobriram aspectos desconhecidos de sua vida, graças aos testemunhos de seus colaboradores mais próximos.

Uma intervenção esperada, seguida também por canais de TV de mais de 100 países, foi a da Ir. Marie Simon-Pierre, religiosa das Maternidades Católicas, cuja cura do mal de Parkinson foi o fenômeno cientificamente inexplicável que permitiu o reconhecimento de sua beatificação.

“João Paulo II está vendo vocês do céu e sorri”, disse a religiosa, que narrou detalhes do sofrimento que lhe havia provocado a enfermidade que também João Paulo II vivera. Ela confessou: “impressionou-me o fato de que minha experiência tenha contribuído para a beatificação de João Paulo II e que eu possa testemunhar aqui”.

Porta-voz

Joaquín Navarro Valls, que foi porta-voz de João Paulo II durante 21 anos, explicou que para compreender esse papa é preciso entender o que é a Divina Misericórdia. Ele revelou que o papa se confessava todas as semanas, “pois sabia que nós, seres humanos, não podemos nos fazer belos, puros, por nós mesmos. Temos necessidade da ajuda que procede de Deus através dos sacramentos”.

“Para um cristão, rezar é um dever e também o resultado de uma convicção; para ele era uma necessidade, não podia viver sem rezar”, disse. “Vê-lo rezar era ver uma pessoa que está em conversa com Deus”.

Navarro-Valls recordou que com frequência o via em sua capela privada, de joelhos, com pedaços de papel, que lia e depois encomendava na oração. Eram intenções de oração de pessoas de todo o mundo, a ele confiadas em cartas.

Secretário

Falou também o cardeal Stanisław Dziwisz, arcebispo de Cracóvia, que foi secretário de Wojtyla durante 40 anos.

Tomou a palavra para recordar que os dois amores de sua vida foram “Deus (Jesus Cristo) e o homem, sobretudo os jovens”.

Recordou quais foram as duas ocasiões em que viu João Paulo II “verdadeiramente enfadado”. Ainda que “havia motivo”.

A primeira vez foi em Agrigento, na Sicília, a 9 de maio de 1993, quando “ergueu a voz contra a máfia. Nós ficamos todos assustados”, recordou.

A outra ocasião foi durante o Angelus antes da guerra do Iraque, quando falou com firmeza: “Não à guerra, a guerra não resolve nada. Eu vivi a guerra; sei o que é a guerra”.

“Enviou um cardeal a Washington e outro a Bagdá para dizer: não tentem resolver os problemas com a guerra! E teve razão. A guerra existe ainda e não resolveu nada”.

Ao final, o cardeal Dziwisz confessou também a grande satisfação de sua vida: “ao início o chamavam de ‘papa polonês’. Mas depois todos o chamaram de ‘nosso papa’, inclusive muitos que não são cristãos. Mas amanhã o chamaremos ‘João Paulo II, beato’”, reconheceu, comovido, entre aplausos.

Rosário mundial

Concluiu assim a primeira parte da vigília, a Celebração da Memória através dos testemunhos. A segunda se converteu em um Rosário mundial, que uniu em cada um dos cinco mistérios luminosos Roma com grandes santuários do mundo.

De Lagniewniki, na Cracóvia, se rezou pela juventude; de Kawekamo-Bugando (Tanzânia) pela família; de Nossa Senhora do Líbano-Harissa, pela evangelização, da basílica de Santa Maria de Guadalupe, no México, pela paz entre as nações, e de Fátima pela Igreja.

O ato concluiu às 22h30 com a oração final e a bênção que Bento XVI concedeu do Palácio Apostólico, via conexão televisiva.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

"Il Linguaggio della Celebrazione Liturgica" di Mons. Guido Marini



IL LINGUAGGIO DELLA
CELEBRAZIONE LITURGICA

di Mons. Guido Marini
MAESTRO DELLE CELEBRAZIONI LITURGICHE PONTIFICIE

Conferenza tenuta il 24 febbraio 2011,
nell'Università Pontificia della Santa Croce - Roma, durante il corso:

"Ars celebrandi. Premessa per una fruttuosa partecipazione alla celebrazione eucaristica".


Fonte: www-maranatha-it.blogspot.com

Primeiras imagens da trasladação do corpo de João Paulo II


Caixão com o corpo de João Paulo II trasladado para junto do túmulo de São Pedro. Vai ser exposto à veneração dos fiéis após a celebração da beatificação, no domingo

(29/4/2011) O caixão de João Paulo II foi hoje retirado do seu túmulo e colocado junto ao de São Pedro, onde vai ficar até à manhã de domingo.
Em conferência de imprensa, o padre Federico Lombardi, director da Sala de Imprensa da Santa Sé, referiu que os trabalhos “começaram esta manhã, por parte do pessoal da fábrica de São Pedro”, com a retirada da lápide de mármore, conservada intacta, a qual seguirá para Cracóvia, na Polónia, para ser colocada numa nova igreja, dedicada ao futuro beato.
O caixão de Karol Wojtyla permanecerá no piso inferior da basílica de São Pedro até domingo de manhã sendo depois colocada à “veneração dos fiéis” em frente ao altar principal da Basilica.
A trasladação definitiva para a capela de São Sebastião, onde o túmulo do beato João Paulo II irá ficar, terá lugar no final da tarde da próxima segunda-feira, de forma privada, com a basílica fechada.
Esta capela fica localizada na nave da basílica do Vaticano, junto da famosa 'Pietà' de Miguel Ângelo.
Na breve cerimónia desta manhã participaram, entre outros, o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, e o secretário particular de João Paulo II, cardeal Stanislaw Dziwisz.
No caixão, além da cruz e das armas do pontificado, está uma inscrição em latim identificando João Paulo II, com uma breve síntese da sua vida, incluindo datas de nascimento e de morte, para além da duração do seu pontificado.
O programa completo das celebrações ligadas à beatificação inicia-se a 30 de abril com uma vigília ao ar livre, no Circo Máximo de Roma, momento em que haverá uma ligação em direto a cinco locais de culto dedicados à Virgem Maria, em todo o mundo, incluindo o santuário de Fátima.
A missa da beatificação decorre na praça de São Pedro, podendo os fiéis entrar, livremente, a partir das 05:00.
Na segunda feira dia 2 na Praça de S. Pedro o cardeal Secretario de Estado Tarcisio Bertone preside uma Missa de acção de graças

Fonte: Radio Vaticano


Semana Santa em Frederico Westphalen (II)



  



  



quinta-feira, 28 de abril de 2011

Segunda-feira de Páscoa em Emaús

 
 
 

Tornielli: Por qué Juan Pablo II no fue “santo subito”


Artículo de Andrea Tornielli, publicado en el periódico La Stampa del 27 de abril.

En las primeras semanas de su pontificado, Benedicto XVI tomó seriamente en consideración el pedido de proclamar al Papa Wojtyla “santo subito”, es decir, de abrir directamente un proceso para la canonización saltando el paso intermedio de la beatificación. Un evento que habría sido sin precedentes en la época moderna. Ratzinger no dijo no de inmediato y valoró la propuesta que daba forma a una aspiración del mismo secretario particular de Wojtyla, Stanislaw Dziwisz.

Pidió consejo a algunos colaboradores de la Curia romana y finalmente estableció permitir de inmediato la apertura del proceso, sin esperar los cinco años desde la muerte, pero sin omitir el grado de beato.

Es necesario volver a la gran emoción de los días sucesivos a la muerte de Juan Pablo II para comprender lo que ocurrió en los sagrados palacios del otro lado del Tíber. Los cardenales, mientras se reunían para decidir el desarrollo de los funerales y preparar el cónclave del cual saldría elegido Benedicto XVI, podían ver la fila ininterrumpida de personas que pasaban frente a los restos mortales de Wojtyla.

El cardenal eslovaco Josef Tomko, prefecto emérito de Propaganda Fide y amigo del Pontífice recién fallecido, se hizo promotor de una recolección de firmas entre los colegas purpurados para pedir al nuevo Papa, quienquiera que fuese, abrir la causa para llevar al predecesor a los altares.

El entonces decano del colegio cardenalicio, Joseph Ratzinger, en la homilía de la Misa fúnebre habló de Wojtyla asomado a la ventana del cielo, y sus palabras fueron consideradas como un viático a la aureola.

Inmediatamente después de la elección, fue el cardenal Ruini quien presentó la petición de los purpurados. Por parte de Dziwisz, en cambio, llegó a Benedicto XVI la sugerencia de proceder con la proclamación de “santo subito”.

Ratzinger, que había conocido de cerca a Wojtyla y había sido uno de sus más antiguos y estrechos colaboradores, quiso valorar con calma los pro y contra: por una parte, la fama de santidad difundida a nivel popular y la excepcionalidad de la figura del predecesor; por otra, las reglas canónicas y el impacto que tal excepción habría tenido pasando inmediatamente a una proclamación de santidad.

El nuevo Papa sabía bien que algo similar había sido tomado en consideración apenas dos años antes, en junio de 2003, cuando el Secretario de Estado Angelo Sodano había escrito una carta en nombre de Juan Pablo II a algunos cardenales de la Curia Romana, pidiendo su parecer sobre la posibilidad de proclamar santa directamente a la madre Teresa de Calcuta, sin pasar por la beatificación. Al Papa Wojtyla aquella idea no le disgustaba, pero quiso consultar a los colaboradores, que la desaconsejaron. Así, Madre Teresa se convirtió en beata pero no santa.

Consultados algunos colaboradores, Benedicto XVI siguió la misma línea. Decidió derogar la espera de los cinco años pero estableció que la causa del predecesor, aún siguiendo un carril preferencial en cuanto a los tiempos, tuviese lugar según los procedimientos regulares, sin atajos ni descuentos. El hecho de que a apenas seis años de la muerte Juan Pablo II se convierta en beato es ya de por sí un hecho excepcional. Desde hacía más de un milenio, de hecho, un Papa no elevaba a los altares a su inmediato predecesor.

Él último Papa que se habría querido “santo subito”, antes de Wojtyla, fue Juan XXIII: los padres del Vaticano II propusieron a su sucesor Pablo VI canonizarlo en el Concilio, por aclamación. También aquella vez el Papa eligió actuar de modo diverso e hizo comenzar un proceso regular para Roncalli, acompañado de otro proceso para Pío XII.



Semana Santa em Frederico Westphalen



















quarta-feira, 27 de abril de 2011

Bento XVI na Audiência geral: Os cristãos estejam empenhados na transformação do mundo á luz do amor do Ressuscitado



(27/4/2011) Na audiência geral desta quarta feira, na Praça de S. Pedro, o Papa desenvolveu uma catequese sobre a Páscoa , coração do mistério cristão e fundamento da nossa fé. A Ressurreição de Cristo – explicou - longe de convidar os cristãos a evadir do mundo, torna-os ainda mais empenhados na sua transformação á luz do amor. Os cristãos são chamados a ser fermento novo no mundo, doando-se sem reservas pelas causas mais urgentes e mais justas. Cristo ressuscitou verdadeiramente ! Não podemos ter só para nós a vida e a alegria que Ele nos deu na sua Páscoa – concluiu - mas devemos dá-la a todos aqueles que se aproximam de nós. É a nossa tarefa e a nossa missão: fazer ressurgir no coração do próximo a esperança lá onde há desespero , a alegria onde se encontra a tristeza, a vida onde há morte. Testemunhar cada dia a alegria do Senhor ressuscitado significa viver sempre de maneira pascal e fazer ressoar a alegre noticia que Cristo não é uma ideia ou uma recordação do passado, mas uma Pessoa que vive conosco, para nós e em nós, e com Ele e nele podemos fazer novas todas as coisas.

Não faltaram nesta audiência palavras do Papa em português:

Queridos irmãos e irmãs,
A Páscoa é o centro do mistério cristão, pois tudo tem como ponto de partida a ressurreição de Cristo. Da Páscoa irradia, como de um centro luminoso, toda a liturgia da Igreja, que dela toma o seu conteúdo e significado. A celebração litúrgica da morte e ressurreição de Cristo não é uma simples comemoração, mas a atualização no mistério dessa realidade pela qual Cristo iniciou uma nova condição do nosso ser homens: uma vida imersa na eternidade de Deus. Por isso, toda a nossa existência deve assumir uma forma pascal, como ensina São Paulo na Carta aos Colossenses: “Se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto” (3,1). Longe de significar um desprezo das realidades terrenas, o Apóstolo diz-nos que devemos buscar aquilo que pertence ao “homem novo”, revestido de Cristo pelo Batismo, mas que tem necessidade incessante de se renovar à imagem d’Aquele que o criou. Cada cristão, bem como cada comunidade, que vive a experiência desta passagem de ressurreição, não pode deixar de converter-se em fermento novo no mundo, doando-se sem reservas às causas mais urgentes e justas, como demonstram os testemunhos dos Santos de todas as épocas e lugares.

Queridos peregrinos de língua portuguesa, particularmente os portugueses vindos de Lisboa e da Sertã e os brasileiros de Poços de Caldas, a minha saudação, com votos duma boa continuação de santa Páscoa! Não podemos guardar só para nós a vida e a alegria que Cristo nos deu com a sua Ressurreição, mas devemos transmiti-la a quantos se aproximam de nós. Assim, fareis surgir no coração dos outros a esperança, a felicidade e a vida! Sobre vós e vossas famílias, desça a minha Bênção Apostólica.

Fonte: Radio Vaticano


terça-feira, 26 de abril de 2011

Regina Cæli da Segunda-feira do Anjo



Queridos irmãos e irmãs!

Surrexit Dominus vere! Alleluja!
A Ressurreição do Senhor assinala a renovação da nossa condição humana. Cristo derrotou a morte, causada pelo nosso pecado, e nos reporta à vida imortal. De tal evento emana a vida inteira da Igreja e a existência mesma dos cristãos. Lemo-lo exatamente hoje, Segunda-feira do Anjo, no primeiro discurso missionário da Igreja nascente: "A este Jesus – proclama o apóstolo Pedro – Deus o ressuscitou: do que todos nós somos testemunhas. Exaltado pela direita de Deus, havendo recebido do Pai o Espírito Santo prometido, derramou-o como vós vedes e ouvis" (At 2,32-33). Um dos sinais característicos da fé na Ressurreição é a saudação entre os cristãos no tempo pascal, inspirado pelo antigo hino litúrgico: "Cristo ressuscitou! / Verdadeiramente ressuscitou!". É uma profissão de fé e um compromisso de vida, exatamente como aconteceu às mulheres descritas no Evangelho de São Mateus: "Nesse momento, Jesus apresentou-se diante delas e disse-lhes: Salve! Aproximaram-se elas e, prostradas diante dele, beijaram-lhe os pés. Disse-lhes Jesus: Não temais! Ide dizer aos meus irmãos que se dirijam à Galileia, pois é lá que eles me verão" (28,9-10). "É a Igreja toda – escreve o Servo de Deus
Paulo VI – que recebe a missão de evangelizar, e a atividade de cada um é importante para o todo. Ela fica aí como um sinal, a um tempo opaco e luminoso, de uma nova presença de Jesus, sacramento da sua partida e da sua permanência, Ela prolonga-o e continua-o" (Ex. Ap. Evangelii Nuntiandi, 8 dicembre 1975, 15: AAS 68 [1976], 14).

De que modo podemos encontrar o Senhor e tornar-nos sempre mais suas autênticas testemunhas? São Máximo de Turim afirma: "Quem deseje chegar ao Salvador, em primeiro lugar, deve colocá-lo com a própria fé à direita da divindade e colocá-lo com a persuasão do coração nos céus" (Sermo XXXIX a, 3: CCL 23, 157), deve, isto é, aprender a dirigir constantemente o olhar da mente e do coração à altura de Deus, onde está o Cristo ressuscitado. Na oração, na adoração, portanto, Deus encontra o homem. O teólogo Romano Guardini observa que "a adoração não é qualquer coisa de acessória, secundária ... trata-se de interesse último, do sentido e do ser. Na adoração, o homem reconhece o quanto vale em sentido puro, simples e santo" (La Pasqua, Meditazioni, Brescia 1995, 62). Somente se sabemos dirigir-nos a Deus, rezar a Ele, podemos descobrir o significado mais profundo da nossa vida, e o caminho cotidiano é iluminado pela luz do Ressuscitado.

Queridos amigos, a Igreja, no Oriente e no Ocidente, hoje festeja São Marcos evangelista, sábio anunciador do Verbo e escritor das doutrinas de Cristo – como antigamente era descrito. Ele é também o Patrono da cidade de Veneza, onde, a Deus aprazendo, me dirigirei em visita pastoral em 7 e 8 de maio próximos. Invoquemos agora a Virgem Maria, a fim de que nos ajude a cumprir fielmente e na alegria a missão que o Senhor Ressuscitado confia a cada um.

[Após a oração do Regina Caeli, o Papa dirigiu-se aos fiéis em seis línguas diferentes. Em espanhol, disse]

Que no deje de resonar en el mundo y en la Iglesia la alegre noticia de la resurrección de Jesucristo de entre los muertos. Que la paz, que nace del triunfo del Señor sobre el pecado, se extienda por toda la tierra, en particular por aquellas regiones que más la necesitan. Que la claridad victoriosa de su semblante ilumine vuestras vidas, vuestras familias y vuestras ciudades, y fortalezca también vuestros corazones con la esperanza de la salvación que Cristo nos ha ganado con su pasión gloriosa. Feliz Pascua a todos!

Que não deixe de ressoar no mundo e na Igreja a alegre notícia da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos. Que a paz, que nasce do triunfo do Senhor sobre o pecado, se estenda por toda a terra, en particular por aquelas regiões que mais necessitam. Que a claridade vitoriosa de seu semblante ilumine vossas vidas, vossas famílias e vossas cidades, e fortaleça também vossos corações com a esperança da salvação que Cristo nos alcançou com sua paixão gloriosa.

Feliz Páscoa a todos!

domingo, 24 de abril de 2011

Mensagem Urbi et Orbi Páscoa 2011 : "A ressurreição de Cristo não é fruto de uma especulação, de uma experiência mística: é um acontecimento"





MENSAGEM URBI ET ORBI
DO SANTO PADRE BENTO XVI

PÁSCOA 2011



«In resurrectione tua, Christe, coeli et terra laetentur – Na vossa Ressurreição, ó Cristo, alegrem-se os céus e a terra» (Liturgia das Horas).


Amados irmãos e irmãs de Roma e do mundo inteiro!

A manhã de Páscoa trouxe-nos etse anúncio antigo e sempre novo: Cristo ressuscitou! O eco deste acontecimento, que partiu de Jerusalém há vinte séculos, continua a ressoar na Igreja, que traz viva no coração a fé vibrante de Maria, a Mãe de Jesus, a fé de Madalena e das primeiras mulheres que viram o sepulcro vazio, a fé de Pedro e dos outros Apóstolos.

Até hoje – mesmo na nossa era de comunicações supertecnológicas – a fé dos cristãos assenta naquele anúncio, no testemunho daquelas irmãs e daqueles irmãos que viram, primeiro, a pedra removida e o túmulo vazio e, depois, os misteriosos mensageiros que atestavam que Jesus, o Crucificado, ressuscitara; em seguida, o Mestre e Senhor em pessoa, vivo e palpável, apareceu a Maria de Magdala, aos dois discípulos de Emaús e, finalmente, aos onze, reunidos no Cenáculo (cf. Mc 16, 9-14).

A ressurreição de Cristo não é fruto de uma especulação, de uma experiência mística: é um acontecimento, que ultrapassa certamente a história, mas verifica-se num momento concreto da história e deixa nela uma marca indelével. A luz, que encandeou os guardas de sentinela ao sepulcro de Jesus, atravessou o tempo e o espaço. É uma luz diferente, divina, que fendeu as trevas da morte e trouxe ao mundo o esplendor de Deus, o esplendor da Verdade e do Bem.

Tal como os raios do sol, na primavera, fazem brotar e desabrochar os rebentos nos ramos das árvores, assim também a irradiação que dimana da Ressurreição de Cristo dá força e significado a cada esperança humana, a cada expectativa, desejo, projecto. Por isso, hoje, o universo inteiro se alegra, implicado na primavera da humanidade, que se faz intérprete do tácito hino de louvor da criação. O aleluia pascal, que ressoa na Igreja peregrina no mundo, exprime a exultação silenciosa do universo e sobretudo o anseio de cada alma humana aberta sinceramente a Deus, mais ainda, agradecida pela sua infinita bondade, beleza e verdade.

«Na vossa ressurreição, ó Cristo, alegrem-se os céus e a terra». A este convite ao louvor, que hoje se eleva do coração da Igreja, os «céus» respondem plenamente: as multidões dos anjos, dos santos e dos beatos unem-se unânimes à nossa exultação. No Céu, tudo é paz e alegria. Mas, infelizmente, não é assim sobre a terra! Aqui, neste nosso mundo, o aleluia pascal contrasta ainda com os lamentos e gritos que provêm de tantas situações dolorosas: miséria, fome, doenças, guerras, violências. E todavia foi por isto mesmo que Cristo morreu e ressuscitou! Ele morreu também por causa dos nossos pecados de hoje, e também para a redenção da nossa história de hoje Ele ressuscitou. Por isso, esta minha mensagem quer chegar a todos e, como anúncio profético, sobretudo aos povos e às comunidades que estão a sofrer uma hora de paixão, para que Cristo Ressuscitado lhes abra o caminho da liberdade, da justiça e da paz.

Possa alegrar-se aquela Terra que, primeiro, foi inundada pela luz do Ressuscitado. O fulgor de Cristo chegue também aos povos do Médio Oriente para que a luz da paz e da dignidade humana vença as trevas da divisão, do ódio e das violências. Na Líbia, que as armas cedam o lugar à diplomacia e ao diálogo e se favoreça, na situação actual de conflito, o acesso das ajudas humanitárias a quantos sofrem as consequências da luta. Nos países da África do Norte e do Médio Oriente, que todos os cidadãos – e de modo particular os jovens – se esforcem por promover o bem comum e construir um sociedade, onde a pobreza seja vencida e cada decisão política seja inspirada pelo respeito da pessoa humana. A tantos prófugos e aos refugiados, que provêm de diversos países africanos e se vêem forçados a deixar os afectos dos seus entes mais queridos, chegue a solidariedade de todos; os homens de boa vontade sintam-se inspirados a abrir o coração ao acolhimento, para se torne possível, de maneira solidária e concorde, acudir às necessidades prementes de tantos irmãos; a quantos se prodigalizam com generosos esforços e dão exemplares testemunhos nesta linha chegue o nosso conforto e apreço.

Possa recompor-se a convivência civil entre as populações da Costa do Marfim, onde é urgente empreender um caminho de reconciliação e perdão, para curar as feridas profundas causadas pelas recentes violências. Possa encontrar consolação e esperança a terra do Japão, enquanto enfrenta as dramáticas consequências do recente terremoto, e demais países que, nos meses passados, foram provados por calamidades naturais que semearam sofrimento e angústia.

Alegrem-se os céus e a terra pelo testemunho de quantos sofrem contrariedades ou mesmo perseguições pela sua fé no Senhor Jesus. O anúncio da sua ressurreição vitoriosa neles infunda coragem e confiança.

Queridos irmãos e irmãs! Cristo ressuscitado caminha à nossa frente para os novos céus e a nova terra (cf. Ap 21, 1), onde finalmente viveremos todos como uma única família, filhos do mesmo Pai. Ele está connosco até ao fim dos tempos. Sigamos as suas pegadas, neste mundo ferido, cantando o aleluia. No nosso coração, há alegria e sofrimento; na nossa face, sorrisos e lágrimas. A nossa realidade terrena é assim. Mas Cristo ressuscitou, está vivo e caminha connosco. Por isso, cantamos e caminhamos, fiéis ao nosso compromisso neste mundo, com o olhar voltado para o Céu.

Boa Páscoa a todos!


© Copyright 2011 - Libreria Editrice Vaticana

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Quinta-feira Santa em Jerusalém no Cenáculo, no Santo Sepulcro e no Gethsemani



El "Dies irae" del Papa. Y el misterio del mal

Benedicto XVI arranca a todos del sueño. De esa "insensibilidad para la presencia de Dios que nos hace insensibles también para el mal". Y cita el canto del juicio final, cuando será quitado el último velo para poner a la vista cuánto "se ha cansado" Dios en su caminar en búsqueda del hombre perdido

por Sandro Magister




ROMA, 21 de abril de 2011 – Es una Semana Santa especial la que celebra el Papa este año. Con una novedad sin precedentes.

El Viernes Santo, antes de la liturgia en la basílica de San Pedro y del Via Crucis en el Coliseo, Benedicto XVI responderá en una transmisión televisiva a siete preguntas llegadas a él desde otros tantos países del mundo. Siete preguntas elegidas entre millares. Las que van más directamente al drama de la existencia humana.

La primera pregunta, de una niña japonesa, será sobre el escándalo del mal. Del mal incomprensible, como la de un terremoto. Del mal que tiene sobre fondo el misterio del dolor inocente.

Se escuchará la respuesta del Papa a esta y a las otras preguntas.

Pero ya antes el papa Joseph Ratzinger se ha presentado en vivo. Lo ha hecho con la audiencia general del Miércoles Santo y con la homilía de la Misa Crismal en la mañana del Jueves Santo. La primera con palabras espontáneas, dejando de lado el texto escrito. La segunda con palabras escritas todas con su puño y letra, también ellas brotadas del corazón.

A partir de su doble introducción a los ritos pascuales, más que nunca se entiende de qué modo para Benedicto XVI la cuestión del acercamiento del hombre a Dios es "la prioridad" de su pontificado. Ese Dios que parece lejano, pero que en realidad está en incesante camino hacia la búsqueda del hombre perdido.

Benedetto XVI ha citado el "Dies irae", ese canto que ha sido imprevistamente eliminado de la liturgia porque se considera que está impregnado de terror, cuando por el contrario tiene rasgos de una ternura conmovedora, como cuando dice:

Quaerens me, sedisti lassus,
redemisti Crucem passus:
tantus labor non sit cassus.

Que el Papa ha traducido así: "Buscándome te sentaste cansado... ¡Que tanto esfuerzo no sea en vano!". Y nos ha leído la aventura de Dios "que se ha encaminado hacia nosotros" por puro amor, y para hacer esto "se ha hecho hombre y ha descendido hasta los abismos de la existencia humana, hasta la noche de la muerte".

El sueño de los discípulos en el Monte de los Olivos, mientras Jesús acepta beber el cáliz de la pasión – ha dicho Benedicto XVI en la audiencia del Miércoles Santo –, representa nuestra insensibilidad respecto a Dios, de la que deriva también nuestra insensibilidad por la fuerza que el mal tiene en el mundo.

"Buscad siempre su rostro", ha exhortado el Papa, citando el salmo 105. También es esta una constante de su predicación, como se ve en el memorable discurso de París, en el año 2008, sobre el "quaerere Deum", sobre la búsqueda de Dios como matriz de la civilización occidental.

Aquí, a continuación, presentamos los pasajes claves de la audiencia del Miércoles Santo y de la homilía de la mañana del Jueves Santo. Seguidos por el texto del "Dies irae".

Los textos íntegros, junto a los otros de la Semana Santa de Benedicto XVI, están en la página web del Vaticano:



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DE LA AUDIENCIA GENERAL DEL MIÉRCOLES SANTO

Plaza San Pedro, 20 de abril de 2011



Queridos hermanos y hermanas, [...] dejando el cenáculo, Jesús se retiró a rezar, solo, en presencia del Padre. En ese momento de comunión profunda, los Evangelios narran que Jesús experimentó una gran angustia, un sufrimiento tal que le hizo sudar sangre (cfr Mt 26,38). Consciente de su inminente muerte en la cruz, Él siente una gran angustia y la cercanía de la muerte.

En esta situación aparece también un elemento de gran importancia para toda la Iglesia. Jesús dice a los suyos: quedaos aquí y vigilad; y este llamamiento a la vigilancia se refiere de modo preciso a este momento de angustia, de amenaza, en el que llegará el traidor, pero concierne a toda la historia de la Iglesia. Es un mensaje permanente para todos los tiempos, porque la somnolencia de los discípulos no era solo el problema de aquel momento, sino que es el problema de toda la historia.

La cuestión es en qué consiste esta somnolencia, en qué consistiría la vigilancia a la que el Señor nos invita. Diría que la somnolencia de los discípulos a lo largo de la historia es una cierta insensibilidad del alma hacia el poder del mal, una insensibilidad hacia todo el mal del mundo. Nosotros no queremos dejarnos turbar demasiado por estas cosas, queremos olvidarlas: pensamos que quizás no será tan grave, y olvidamos.

Y no es sólo la insensibilidad hacia el mal, mientras deberíamos velar para hacer el bien, para luchar por la fuerza del bien. Es insensibilidad hacia Dios: esta es nuestra verdadera somnolencia; esta insensibilidad hacia la presencia de Dios que nos hace insensibles también hacia el mal. No escuchamos a Dios – nos molestaría – y así no escuchamos, naturalmente, tampoco la fuerza del mal, y nos quedamos en el camino de nuestra comodidad.

La adoración nocturna del Jueves Santo, el estar vigilantes con el Señor, debería ser precisamente el momento de hacernos reflexionar sobre la somnolencia de los discípulos, de los defensores de Jesús, de los apóstoles, de nosotros, que no vemos, no queremos ver toda la fuerza del mal, y que no queremos entrar en su pasión por el bien, por la presencia de Dios en el mundo, por el amor al prójimo y a Dios.

Después, el Señor empieza a rezar. Los tres apóstoles – Pedro, Santiago, Juan – duermen, pero alguna vez se despiertan y escuchan el estribillo de esta oración del Señor: “No se haga mi voluntad, sino la tuya". ¿qué es esta voluntad mía, qué es esta voluntad tuya, de la que habla el Señor? Mi voluntad es que “no debería morir”, que se le ahorre este cáliz del sufrimiento: es la voluntad humana, de la naturaleza humana, y Cristo siente, con toda la consciencia de su ser, la vida, el abismo de la muerte, el terror de la nada, esta amenaza del sufrimiento. Y Él más que nosotros, que tenemos esta aversión natural contra la muerte, este miedo natural a la muerte, aún más que nosotros, siente el abismo del mal.

Siente, con la muerte, también todo el sufrimiento de la humanidad. Siente que todo esto es el cáliz que tiene que beber, que debe hacerse beber a sí mismo, aceptar el mal del mundo, todo lo que es terrible, la aversión contra Dios, todo el pecado. Y podemos comprender que Jesús, con su alma humana, estuviese aterrorizado ante esta realidad, que percibe en toda su crueldad: mi voluntad sería no beber el cáliz, pero mi voluntad está subordinada a tu voluntad, a la voluntad de Dios, a la voluntad del Padre, que es también la verdadera voluntad del Hijo.

Y así Jesús transforma, en esta oración, la aversión natural, la aversión contra el cáliz, contra su misión de morir por nosotros. Transforma esta voluntad natural suya en voluntad de Dios, en un “sí” a la voluntad de Dios. El hombre de por sí está tentado de oponerse a la voluntad de Dios, de tener la intención de seguir su propia voluntad, de sentirse libre sólo si es autónomo; opone su propia autonomía contra la heteronomía de seguir la voluntad de Dios. Este es todo el drama de la humanidad. Pero en verdad esta autonomía es errónea y este entrar en la voluntad de Dios no es una oposición a uno mismo, no es una esclavitud que violenta mi voluntad, sino que es entrar en la verdad y en el amor, en el bien. Y Jesús atrae nuestra voluntad, que se opone a la voluntad de Dios, que busca la autonomía, atrae esta voluntad nuestra a lo alto, hacia la voluntad de Dios.

Este es el drama de nuestra redención, que Jesús atrae a lo alto nuestra voluntad, toda nuestra aversión contra la voluntad de Dios y nuestra aversión contra la muerte y el pecado, y la une con la voluntad del Padre: "No se haga mi voluntad sino la tuya”. En esta transformación del "no" en "sí", en esta inserción de la voluntad de la criatura en la voluntad del Padre, Él transforma la humanidad y nos redime. Y nos invita a entrar en este movimiento suyo: salir de nuestro "no" y entrar en el "sí" del Hijo. Mi voluntad existe, pero la decisiva es la voluntad del Padre, porque ésta es la verdad y el amor.

Un ulterior elemento de esta oración me parece importante. Los tres testigos han conservado – como aparece en la Sagrada Escritura – la palabra hebrea o aramea con la que el Señor habló al Padre, le llamó: "Abbà", padre. Pero esta fórmula, "Abbà", es una forma familiar del término padre, una forma que se usa sólo en la familia, que nunca se ha usado hacia Dios. Aquí vemos en la intimidad de Jesús cómo habla en familia, habla verdaderamente como Hijo con su Padre. Vemos el misterio trinitario: el Hijo que habla con el Padre y redime a la humanidad.

Una observación más. La Carta a los Hebreos nos dio una profunda interpretación de esta oración del Señor, de este drama del Getsemaní. Dice: estas lágrimas de Jesús, esta oración, estos gritos de Jesús, esta angustia, todo esto no es sencillamente una concesión a la debilidad de la carne, como podría decirse. Precisamente así realiza la tarea del Sumo Sacerdote, porque el Sumo Sacerdote debe llevar al ser humano, con todos sus problemas y sufrimientos, a la altura de Dios. Y la Carta a los Hebreos dice: con todos estos gritos, lágrimas, sufrimientos, oraciones, el Señor llevó nuestra realidad a Dios (cfr Eb5,7ss). Y usa esta palabra griega "prosferein", que es el término técnico para lo que el Sumo Sacerdote tiene que hacer para ofrecer, para elevar a lo alto sus manos. Precisamente en este drama del Getsemaní, donde parece que la fuerza de Dios ya no está presente, Jesús realiza la función del Sumo Sacerdote. Y dice además que en este acto de obediencia, es decir, de conformación de la voluntad natural humana a la voluntad de Dios, se perfecciona como sacerdote. Y usa de nuevo la palabra técnica para ordenar sacerdote. Precisamente así se convierte en el Sumo Sacerdote de la humanidad y abre así el cielo y la puerta a la resurrección.

Si reflexionamos en este drama del Getsemaní, podemos también ver el gran contraste entre Jesús, con su angustia, con su sufrimiento, en comparación con el gran filósofo Sócrates, que permanece pacífico, imperturbable ante la muerte. Y parece esto lo ideal.

Podemos admirar a este filósofo, pero la misión de Jesús era otra. Su misión no era esta total indiferencia y libertad; su misión era llevar en sí mismo todo el sufrimiento, todo el drama humano. Y por ello precisamente esta humillación del Getsemaní es esencial para la misión del Hombre-Dios. Él lleva consigo nuestro sufrimiento, nuestra pobreza, y la transforma según la voluntad de Dios. Y así abre las puertas del cielo, abre el cielo: esta cortina del Santísimo, que hasta ahora el hombre cerraba contra Dios, se abre por este sufrimiento y obediencia suyas. [...]

(Traducción del original italiano por Inma Álvarez, por 
Zenit).

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DE LA HOMILÍA DE LA MISA CRISMAL DEL JUEVES SANTO

Basílica de San Pedro, 21 de abril de 2011


Queridos hermanos y hermanas, en el centro de la liturgia de esta mañana está la bendición de los santos óleos. [...] Tenemos en primer lugar el óleo de los catecúmenos. Este óleo muestra como un primer modo de ser tocados por Cristo y por su Espíritu, un toque interior con el cual el Señor atrae a las personas junto a Él. Mediante esta unción, que se recibe antes incluso del Bautismo, nuestra mirada se dirige por tanto a las personas que se ponen en camino hacia Cristo – a las personas que están buscando la fe, buscando a Dios. El óleo de los catecúmenos nos dice: no sólo los hombres buscan a Dios. Dios mismo se ha puesto a buscarnos. El que Él mismo se haya hecho hombre y haya bajado a los abismos de la existencia humana, hasta la noche de la muerte, nos muestra lo mucho que Dios ama al hombre, su criatura. Impulsado por su amor, Dios se ha encaminado hacia nosotros. “Buscándome te sentaste cansado… que tanto esfuerzo no sea en vano”, rezamos en el "Dies irae". Dios está buscándome. ¿Quiero reconocerlo? ¿Quiero que me conozca, que me encuentre? Dios ama a los hombres. Sale al encuentro de la inquietud de nuestro corazón, de la inquietud de nuestro preguntar y buscar, con la inquietud de su mismo corazón, que lo induce a cumplir por nosotros el gesto extremo. No se debe apagar en nosotros la inquietud en relación con Dios, el estar en camino hacia Él, para conocerlo mejor, para amarlo mejor.

En este sentido, deberíamos permanecer siempre catecúmenos. “Buscad siempre su rostro”, dice un salmo (105,4). Sobre esto, Agustín comenta: Dios es tan grande que supera siempre infinitamente todo nuestro conocimiento y todo nuestro ser. El conocer a Dios no se acaba nunca. Por toda la eternidad podemos, con una alegría creciente, continuar a buscarlo, para conocerlo cada vez más y amarlo cada vez más. “Nuestro corazón está inquieto, hasta que descanse en ti”, dice Agustín al inicio de sus Confesiones. Sí, el hombre está inquieto, porque todo lo que es temporal es demasiado poco. Pero ¿es auténtica nuestra inquietud por Él? ¿No nos hemos resignado, tal vez, a su ausencia y tratamos de ser autosuficientes? No permitamos semejante reduccionismo de nuestro ser humanos. Permanezcamos continuamente en camino hacia Él, en su añoranza, en la acogida siempre nueva de conocimiento y de amor. [...]

En tercer lugar, tenemos finalmente el más noble de los óleos eclesiales, el crisma, una mezcla de aceite de oliva y de perfumes vegetales. Es el óleo de la unción sacerdotal y regia, unción que enlaza con las grandes tradiciones de las unciones del Antiguo Testamento. En la Iglesia, este óleo sirve sobre todo para la unción en la Confirmación y en las sagradas Órdenes. La liturgia de hoy vincula con este óleo las palabras de promesa del profeta Isaías: “Vosotros os llamaréis ‘sacerdotes del Señor’, dirán de vosotros: ‘Ministros de nuestro Dios’” (61, 6). El profeta retoma con esto la gran palabra de tarea y de promesa que Dios había dirigido a Israel en el Sinaí: “Seréis para mí un reino de sacerdotes y una nación santa” (Ex 19, 6). En el mundo entero y para todo él, que en gran parte no conocía a Dios, Israel debía ser como un santuario de Dios para la totalidad, debía ejercitar una función sacerdotal para el mundo. Debía llevar el mundo hacia Dios, abrirlo a Él.

San Pedro, en su gran catequesis bautismal, ha aplicado dicho privilegio y cometido de Israel a toda la comunidad de los bautizados, proclamando: “Vosotros, en cambio, sois un linaje elegido, un sacerdocio real, una nación santa, un pueblo adquirido por Dios para que anunciéis las proezas del que os llamó de las tinieblas a su luz maravillosa. Los que antes erais no-pueblo, ahora sois pueblo de Dios, los que antes erais no compadecidos. ahora sois objeto de compasión.” (1 P 2, 9-10).

El Bautismo y la Confirmación constituyen el ingreso en el Pueblo de Dios, que abraza todo el mundo; la unción en el Bautismo y en la Confirmación es una unción que introduce en ese ministerio sacerdotal para la humanidad. Los cristianos son un pueblo sacerdotal para el mundo. Deberían hacer visible en el mundo al Dios vivo, testimoniarlo y llevarle a Él. Cuando hablamos de nuestra tarea común, como bautizados, no hay razón para alardear. Eso es más bien una cuestión que nos alegra y, al mismo tiempo, nos inquieta: ¿Somos verdaderamente el santuario de Dios en el mundo y para el mundo? ¿Abrimos a los hombres el acceso a Dios o, por el contrario, se lo escondemos? Nosotros –el Pueblo de Dios– ¿acaso no nos hemos convertido en un pueblo de incredulidad y de lejanía de Dios? ¿No es verdad que el Occidente, que los países centrales del cristianismo están cansados de su fe y, aburridos de su propia historia y cultura, ya no quieren conocer la fe en Jesucristo? Tenemos motivos para gritar en esta hora a Dios: “No permitas que nos convirtamos en no-pueblo. Haz que te reconozcamos de nuevo. Sí, nos has ungido con tu amor, has infundido tu Espíritu Santo sobre nosotros. Haz que la fuerza de tu Espíritu se haga nuevamente eficaz en nosotros, para que demos testimonio de tu mensaje con alegría.

No obstante toda la vergüenza por nuestros errores, no debemos olvidar que también hoy existen ejemplos luminosos de fe; que también hoy hay personas que, mediante su fe y su amor, dan esperanza al mundo. Cuando sea beatificado, el próximo uno de mayo, el Papa Juan Pablo II, pensaremos en él llenos de gratitud como un gran testigo de Dios y de Jesucristo en nuestro tiempo, como un hombre lleno del Espíritu Santo. [...]

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DIES IRAE


Dies Irae, dies illa
solvet saeclum in favilla:
teste David cum Sybilla.

Quantus tremor est futurus,
Quando judex est venturus,
Cuncta stricte discussurus.

Tuba, mirum spargens sonum
per sepulcra regionum
coget omnes ante thronum.

Mors stupebit et natura,
cum resurget creatura,
judicanti responsura.

Liber scriptus proferetur,
in quo totum continetur,
unde mundus judicetur.

Judex ergo cum sedebit,
quidquid latet, apparebit:
nil inultum remanebit.

Quid sum miser tunc dicturus
quem patronum rogaturus,
cum vix justus sit securus

Rex tremendae majestatis,
qui salvandos salvas gratis,
salva me, fons pietatis.

Recordare, Jesu pie,
quod sum causa tuae viae
ne me perdas illa die.

Quaerens me, sedisti lassus,
redemisti Crucem passus:
tantus labor non sit cassus.

Juste judex ultionis,
donum fac remissionis
ante diem rationis.

Ingemisco, tamquam reus,
culpa rubet vultus meus
supplicanti parce, Deus.

Qui Mariam absolvisti,
et latronem exaudisti,
mihi quoque spem dedisti.

Preces meae non sunt dignae,
sed tu bonus fac benigne,
ne perenni cremer igne.

Inter oves locum praesta,
et ab haedis me sequestra,
statuens in parte dextra.

Confutatis maledictis,
flammis acribus addictis,
voca me cum benedictis.

Oro supplex et acclinis,
cor contritum quasi cinis:
gere curam mei finis.

Lacrimosa dies illa,
qua resurget ex favilla
judicandus homo reus.
Huic ergo parce, Deus.

Pie Jesu Domine,
dona eis requiem. Amen.


*

Día de la ira, aquel día
en que los siglos se reduzcan a cenizas;
como testigos el rey David y la Sibila.

¡Cuánto terror habrá en el futuro
cuando el juez haya de venir
a juzgar todo estrictamente!

La trompeta, esparciendo un sonido admirable
por los sepulcros de todos los reinos
reunirá a todos ante el trono.

La muerte y la Naturaleza se asombrarán,
cuando resucite la criatura
para que responda ante su juez.

Aparecerá el libro escrito
en que se contiene todo
y con el que se juzgará al mundo.

Así, cuando el juez se siente
lo escondido se mostrará
y no habrá nada sin castigo.

¿Qué diré yo entonces, pobre de mí?
¿A qué protector rogaré
cuando ni los justos estén seguros?

Rey de tremenda majestad
tú que, salvas gratuitamente a los que hay que salvar,
sálvame, fuente de piedad.

Acuérdate, piadoso Jesús
de que soy la causa de tu calvario;
no me pierdas en este día.

Buscándome, te sentaste agotado
me redimiste sufriendo en la cruz
no sean vanos tantos trabajos.

Justo juez de venganza
concédeme el regalo del perdón
antes del día del juicio.

Grito, como un reo;
la culpa enrojece mi rostro.
Perdona, señor, a este suplicante.

Tú, que absolviste a Magdalena
y escuchaste la súplica del ladrón,
me diste a mí también esperanza.

Mis plegarias no son dignas,
pero tú, al ser bueno, actúa con bondad
para que no arda en el fuego eterno.

Colócame entre tu rebaño
y sepárame de los machos cabríos
situándome a tu derecha.

Tras confundir a los malditos
arrojados a las llamas voraces
hazme llamar entre los benditos.

Te lo ruego, suplicante y de rodillas,
el corazón acongojado, casi hecho cenizas:
hazte cargo de mi destino.

Día de lágrimas será aquel renombrado
en que resucitará, del polvo
para el juicio, el hombre culpable.
A ese, pues, perdónalo, oh Dios.

Señor de piedad, Jesús,
concédeles el descanso. Amén.



Fuente: http://www.chiesa.espressonline.it/

Sexta-feira Santa: leiamos mais uma vez a meditação de Bento XVI diante do Santo Sudário


Meditação do Santo Padre diante do Santo Sudário na Catedral de Turim

quinta-feira, 21 de abril de 2011

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Catequese do Papa: tríduo pascal, cume do ano litúrgico


Intervenção na audiência geral de hoje

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 20 de abril de 2011 (ZENIT.org) - Apresentamos, a seguir, a catequese dirigida pelo Papa aos grupos de peregrinos do mundo inteiro, reunidos na Praça de São Pedro para a audiência geral.

Queridos irmãos e irmãs:

Já chegamos ao coração da Semana Santa, cumprimento do caminho quaresmal. Amanhã entraremos no tríduo pascal, os três dias santos em que a Igreja comemora o mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus. O Filho de Deus, depois de ter se feito homem em obediência ao Pai, chegando a ser em tudo igual a nós, exceto no pecado (cf. HB 4, 15), aceitou cumprir sua vontade até o final, enfrentar por amor a nós a paixão e a cruz, para tornar-nos partícipes da sua ressurreição, para que n'Ele e por Ele possamos viver para sempre no consolo e na paz. Eu vos exorto, portanto, a acolher este mistério de salvação, a participar intensamente do tríduo pascal, cume de todo o ano litúrgico e momento de graça particular para cada cristão; convido-vos a buscar nesses dias o recolhimento e a oração, para poder aproximar-vos mais profundamente desta fonte de graça. A propósito disso, diante das iminentes festividades, cada cristão é convidado a celebrar o sacramento da Reconciliação, momento especial de adesão à morte e ressurreição de Cristo, para poder participar com maior fruto da Santa Páscoa.

A Quinta-Feira Santa é o dia em que se faz memória da instituição da Eucaristia e do Sacerdócio ministerial. Pela manhã, cada comunidade diocesana, reunida na igreja catedral ao redor do bispo, celebra a Missa crismal, na qual são abençoados o santo crisma, o óleo dos catecúmenos e o óleo dos enfermos. A partir do tríduo pascal e durante todo o ano litúrgico, estes óleos serão utilizados para os sacramentos do Batismo, da Confirmação, das Ordenações sacerdotais e episcopais e da Unção dos Enfermos; nisso se manifesta como a salvação, transmitida pelos sinais sacramentais, brota precisamente do mistério pascal de Cristo; de fato, somos redimidos com sua morte e ressurreição e, mediante os sacramentos, temos acesso a essa fonte salvífica. Durante a Missa crismal, amanhã, acontece a renovação das promessas sacerdotais. No mundo inteiro, cada sacerdote renova os compromissos que assumiu no dia da sua ordenação, para ser totalmente consagrado a Cristo no exercício do sagrado ministério ao serviço dos irmãos. Acompanhemos nossos sacerdotes com a nossa oração.

Na tarde da Quinta-Feira Santa, começa efetivamente o tríduo pascal, com a memória da Última Ceia, na qual Jesus instituiu o memorial da sua Páscoa, dando cumprimento ao rito pascal judaico. Segundo a tradição, toda família judaica, reunida à mesa na festa da Páscoa, come o cordeiro assado, fazendo memória da libertação dos israelitas da escravidão do Egito; assim, no cenáculo, consciente da sua morte iminente, Jesus, verdadeiro Cordeiro pascal, oferece a si mesmo pela nossa salvação (cf. 1 Cor 5, 7). Pronunciando a bênção sobre o pão e o vinho, Ele antecipa o sacrifício da cruz e manifesta a intenção de perpetuar sua presença no meio dos seus discípulos: sob as espécies do pão e do vinho, Ele se faz presente de modo real, com seu corpo entregue e com seu sangue derramado. Durante a Última Ceia, os apóstolos são constituídos ministros desse sacramento de salvação; Jesus lava seus pés (cf. Jo 13, 1-25), convidando-os a amar-se uns aos outros como Ele os amou, dando a vida por eles. Repetindo este gesto na liturgia, também nós somos chamados a dar testemunho do nosso Redentor com nossos atos.

A Quinta-Feira Santa, finalmente, termina com a adoração eucarística, em recordação da agonia do Senhor no horto de Getsêmani. Deixando o cenáculo, Ele se retirou para rezar, sozinho, na presença do Pai. Nesse momento de comunhão profunda, os Evangelhos narram que Jesus experimentou uma grande angústia, um sofrimento tal, que o fez suar sangue (cf. Mt 26, 38). Consciente da sua iminente morte na cruz, Ele sente uma grande angústia e a proximidade da morte. Nesta situação, aparece também um elemento de grande importância para toda a Igreja. Jesus diz aos seus: ficai aqui e vigiai; e este apelo à vigilância se refere de modo preciso a este momento de angústia, de ameaça, no qual chegará o traidor, mas concerne também a toda a história da Igreja. É uma mensagem permanente para todos os tempos, porque a sonolência dos discípulos não era só o problema daquele momento, mas o grande problema de toda a história. A questão é em que consiste essa sonolência dos discípulos, em que consistiria a vigilância à qual o Senhor nos convida. Eu diria que a sonolência dos discípulos ao longo da história é uma certa insensibilidade da alma com relação ao poder do mal, uma insensibilidade no que diz respeito a todo o mal no mundo. Nós não queremos nos deixar turbar demais por essas coisas, queremos esquecê-las: pensamos que talvez não sejam tão graves e as esquecemos. E não é somente a insensibilidade em relação ao mal, enquanto deveríamos velar para fazer o bem, para lutar pela força do bem. É insensibilidade no que se refere a Deus: esta é a nossa verdadeira sonolência; esta insensibilidade diante da presença de Deus que nos torna insensíveis também diante do mal. Não escutamos Deus - isso nos incomodaria - e assim não escutamos, naturalmente, tampouco a força do mal, e permanecemos no caminho da nossa comodidade. A adoração noturna da Quinta-Feira Santa, o estar vigilantes com o Senhor, deveria ser precisamente o momento de fazer-nos refletir sobre a sonolência dos discípulos, dos defensores de Jesus, dos apóstolos, de nós, que não vemos, não queremos ver toda a força do mal, não queremos entrar em sua paixão pelo bem, pela presença de Deus no mundo, pelo amor ao próximo e a Deus.

Depois, o Senhor começa a rezar. Os três apóstolos - Pedro, Tiago, João - dormem, mas de repente acordam e escutam o refrão desta oração do Senhor: "Não se faça a minha vontade, mas a tua". O que é essa vontade "minha" e o que é essa vontade "tua", das quais fala o Senhor? A "minha" vontade é que "não deveria morrer", que se afaste dele esse cálice do sofrimento: é a vontade humana, da natureza humana, e Cristo sente, com toda a consciência do seu ser, a vida, o abismo da morte, o terror do nada, essa ameaça do sofrimento. E Ele mais que nós, que temos essa aversão natural à morte, esse medo natural da morte; ainda mais que nós, Ele sente o abismo do mal. Ele sente, com a morte, também todo o sofrimento da humanidade. Sente que tudo isso é o cálice que ele tem de beber, que deve fazer-se beber a si mesmo, aceitar o mal do mundo, tudo o que é terrível, a aversão a Deus, todo o pecado. E podemos compreender que Jesus, com a sua alma humana, estivesse aterrorizado diante desta realidade, que percebe em toda a sua crueldade: "minha" vontade seria não beber o cálice, mas a "minha" vontade está subordinada à "tua" vontade, à vontade de Deus, à vontade do Pai, que é também a verdadeira vontade do Filho. Assim, Jesus transforma, nesta oração, a aversão natural, a aversão ao cálice, à sua missão de morrer por nós. Transforma esta vontade natural sua em vontade de Deus, em um "sim" à vontade de Deus. O homem, por si mesmo, está tentado a opor-se à vontade de Deus, de ter a intenção de seguir sua própria vontade, de sentir-se livre somente se for autônomo; opõe sua própria autonomia à heteronomia de seguir a vontade de Deus. Este é todo o drama da humanidade. Mas, na verdade, esta autonomia é errônea e este entrar na vontade de Deus não é uma oposição à pessoa, não é uma escravidão que violenta a minha vontade, mas é entrar na verdade e no amor, no bem. E Jesus atrai a nossa vontade, que se opõe à vontade de Deus, que busca a autonomia, atrai essa vontade ao alto, à vontade de Deus. Este é o drama da nossa redenção, que Jesus atrai ao alto a nossa vontade, toda a nossa aversão à vontade de Deus e nossa aversão à morte e ao pecado, e a une à vontade do Pai: "Não se faça a ‘minha' vontade, mas a ‘tua'". Nesta transformação do "não" em "sim", nesta inserção da vontade da criatura na vontade do Pai, Ele transforma a humanidade e nos redime. E nos convida a entrar nesse seu movimento: sair do nosso "não" e entrar no "sim" do Filho. Minha vontade existe, mas a decisiva é a vontade do Pai, porque esta é a verdade e o amor.

Outro elemento desta oração me parece importante. As três testemunhas conservaram - como aparece na Sagrada Escritura - a palavra hebraica ou aramaica com a qual o Senhor falou ao Pai, chamando-o de "Abbà", pai. Mas esta fórmula, "Abbà", é uma forma familiar do termo pai, uma forma usada somente na família, que nunca tinha sido usada para referir-se a Deus. Aqui vemos, na intimidade de Jesus, como Ele fala em família, fala verdadeiramente como Filho com seu Pai. Vemos o mistério trinitário: o Filho que fala com o Pai e redime a humanidade.

Mais uma observação. A Carta aos Hebreus nos dá uma profunda interpretação desta oração do Senhor, deste drama do Getsêmani. Diz que estas lágrimas de Jesus, esta oração, estes gritos de Jesus, esta angústia, tudo isso não é simplesmente uma concessão à fraqueza da carne, como poderia ser dito. Precisamente assim, Ele realiza a tarefa do Sumo Sacerdote, porque o Sumo Sacerdote deve levar o ser humano, com todos os seus problemas e sofrimentos, à altura de Deus. E a Carta aos Hebreus diz: com todos estes gritos, lágrimas, sofrimentos, orações, o Senhor levou nossa realidade a Deus (cf. Hb 5, 7ss). E usa esta palavra grega, "prosferein", que é o termo técnico para o que o Sumo Sacerdote tem de fazer para oferecer, para elevar suas mãos ao alto.

Precisamente neste drama do Getsêmani, no qual parece que a força de Deus já não está presente, Jesus realiza a função do Sumo Sacerdote. E diz, além disso, que neste ato de obediência, isto é, de conformação da vontade natural humana com a vontade de Deus, aperfeiçoa-se como sacerdote. E usa novamente a palavra técnica para ordenar sacerdote. Precisamente assim, converte-se no Sumo Sacerdote da humanidade e abre o céu e a porta da ressurreição.

Se refletirmos sobre este drama do Getsêmani, poderemos ver também o grande contraste entre Jesus, com sua angústia, com seu sofrimento, em comparação com o grande filósofo Sócrates, que permanece pacífico, imperturbável diante da morte. E isso parece o ideal. Podemos admirar este filósofo, mas a missão de Jesus era outra. Sua missão não era esta total indiferença e liberdade; sua missão era levar em si mesmo todo o sofrimento, todo o drama humano. E por isso precisamente, esta humilhação do Getsêmani é essencial para a missão do Homem-Deus. Ele leva consigo o nosso sofrimento, nossa pobreza, e os transforma segundo a vontade de Deus. E assim abre as portas do céu, abre o céu: esta cortina do Santíssimo, que até agora o homem fechava contra Deus, é aberta pelo seu sofrimento e pela sua obediência. Estas são algumas observações para a Quinta-Feira Santa, para a nossa celebração da Quinta-Feira Santa.

Na Sexta-Feira Santa, faremos memória da paixão e da morte do Senhor; adoraremos Cristo crucificado, participaremos dos seus sofrimentos com a penitência e o jejum. Dirigindo o olhar Àquele que foi transpassado (cf. Jo 19, 37), poderemos beber do seu coração partido, que mana sangue e água, como de uma fonte; desse coração do qual brota o amor de Deus por cada homem, recebemos o seu Espírito.

Acompanhemos, portanto, também na Sexta-Feira Santa, esse Jesus que sobe até o Calvário; deixemo-nos guiar por Ele até a cruz; recebamos a oferta do seu corpo imaculado. Finalmente, na noite do Sábado Santo, celebraremos a solene Vigília Pascal, na qual nos será anunciada a ressurreição de Cristo, sua vitória definitiva sobre a morte, que nos convida a ser homens novos. Participando desta santa vigília, a noite central de todo o ano litúrgico, faremos memória do nosso Batismo, no qual também nós fomos sepultados com Cristo, para poder, com Ele, ressuscitar e participar do banquete do céu (cf. Ap 19, 7-9).

Queridos amigos, tentamos compreender o estado emocional com o qual Jesus viveu o momento da prova extrema, para captar o que orientava o seu agir. O critério que guiou cada escolha de Jesus durante toda a sua vida foi a firme vontade de amar o Pai, de ser um com o Pai, de ser-lhe fiel; esta decisão de corresponder ao seu amor o impulsionou a abraçar, em toda circunstância, o projeto do Pai, a fazer seu o desígnio de amor que lhe foi confiado de recapitular todas as coisas n'Ele, para reconduzir tudo a Ele. Ao reviver o santo tríduo, disponhamo-nos a acolher, também nós, em nossa vida, a vontade de Deus, conscientes de que, na vontade de Deus, ainda que pareça dura, em contraste com as nossas intenções, encontra-se o nosso verdadeiro bem, o caminho da vida. Que a Virgem Mãe nos guie neste itinerário e nos alcance do seu Filho divino a graça de poder empregar a nossa vida, por amor a Jesus, ao serviço dos irmãos. Obrigado.

Fonte: Zenit