por Valentino Miserachs Grau
Director do Pontifício Instituto de Música Sacra, Roma
Discurso aos participantes na jornada de reflexão sobre
música sacra, promovida pela Congregação para a Liturgia
no aniversário da Constituição Conciliar
"Sacrosanctum Concilium"
Que a assembleia dos fiéis, durante a celebração dos ritos sagrados e especialmente durante a Santa Missa, deva participar cantando as partes de canto gregoriano que lhe pertencem, não é apenas uma possibilidade - é o ideal.
Não se trata da minha opinião, mas do pensamento da Igreja. A este respeito, veja-se a documentação desde o motu proprio "Inter Sollicitudines" de S. Pio X até aos nossos dias, passando por Pio XII ("Musicae Sacrae Disciplina"), pelo capítulo VI da constituição do concílio Vaticano II sobre a liturgia, pela subsequente instrução emitida pela Congregação para os Ritos em 1967, e pelo recente quirógrafo de João Paulo II em comemoração do centésimo aniversário de "Inter Sollicitudines", de 1903. Outro exemplo reside na declaração conclusiva do sínodo dos bispos, reunido em Outubro último [2005]: "Começando na sua formação no seminário, os presbíteros deveriam ser preparados para perceber e celebrar a Missa em Latim. Deveriam também [...] apreciar o valor do canto gregoriano. [...] Os próprios fiéis deveriam ser educados a este respeito."
A motivação para este desiderato é amplamente compreensível, se não mesmo autoevidente. De facto, a exclusão quase completa do Latim e do canto gregoriano nos últimos quarenta anos é incompreensível, especialmente nos países latinos. É incompreensível, e deplorável.
O Latim e o canto gregoriano, profundamente ligados às fontes bíblicas, patrísticas e litúrgicas, são parte daquela "lex orandi" forjada ao longo de quase vinte séculos. Por que razão deveria ocorrer tal amputação, e de ânimo tão leve? É como cortar raízes – numa ocasião em que se fala tanto de retorno às raízes.
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Disponível também em inglês e italiano.