segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A nossa "estatura" moral e espiritual pode-se medir por aquilo que esperamos: Bento XVI, ao Angelus, falando da expectativa e da esperança que caracterizam o tempo litúrgico do Advento




“O homem vive na medida em que espera, na medida em que no seu coração está viva a esperança; é pelas suas expectativas que se reconhece um homem”: considerações de Bento XVI, na alocução do meio-dia, na Praça de São Pedro, neste primeiro domingo do Advento, início de um novo ano litúrgico. O Papa deteve-se a reflectir sobre o tema da “expectativa”, da “espera”. Trata-se – observou – de “um aspecto profundamente humano, em que a fé se torna, por assim dizer, uma só coisa com a nossa carne e o nosso coração”.

“A expectativa, o esperar é uma dimensão que atravessa toda a nossa existência pessoal, familiar e social. A espera está presente em mil situações, desde as mais pequenas e banais, até às mais importantes, que nos afectam totalmente, no mais profundo da nossa existência”. Caso, por exemplo, dos esposos que aguardam o nascimento de um filho; ou de um parente ou amigo que, de longe, nos vem visitar; ou de um jovem que aguarda os resultados de um exame decisivo, ou de um colóquio de trabalho; nas relações afectivas, o aguardar a pessoa amada, a resposta a uma carta, a aceitação de um pedido de perdão…

“Poder-se-ia dizer que o homem está vivo na medida em que espera, se e enquanto no seu coração permanece viva a esperança. É pelas suas expectativas que se reconhece um homem: a nossa estatura moral e espiritual pode-se medir a partir daquilo que nós aguardamos, daquilo em que esperamos”.

“Especialmente neste tempo do Advento, é o caso que cada um se interrogue: O que é que eu espero? Neste momento da minha vida, para onde é que está voltado o meu coração?” A mesma questão deveria ser formulada a nível de cada família, comunidade, nação. “O que é que, conjuntamente, nós esperamos? O que é que une as nossas aspirações, o que é que as irmana?”

No tempo que precedeu o nascimento de Jesus, era fortíssima em Israel a expectativa do Messias, isto é, de um Consagrado, descendente do rei David, que libertaria finalmente o povo de todas as escravidões morais e políticas, instaurando o Reino de Deus…

“Mas nunca teria mais imaginado que o Messias pudesse nascer de uma humilde jovem como Maria, noiva do justo José. Nem sequer ela própria o teria pensado, e contudo no seu coração a expectativa do Salvador era tão grande, a sua fé e esperança eram tão ardentes, que Ele pôde encontrar nela uma digna mãe.”

“Existe uma misteriosa correspondência entre a expectativa de Deus e a de Maria, a criatura cheia de graça, totalmente transparente ao desígnio de amor do Altíssimo. Aprendamos dela, Mulher do Advento, a viver os gestos de cada dia com um espírito novo, com o sentimento de uma profunda expectativa, que só a vinda de Deus pode satisfazer.”