quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Antífonas O (I): O Sapientia



Ó Sabedoria incriada, que em breve se tornará visível ao mundo, que fique bem claro neste momento que vós dispondes de sobre todas as coisas! Eis que, por meio de vossa divina permissão, um edito do Imperador Augusto acaba de ser publicado, ordenando o recenseamento de todo o mundo habitado. Cada cidadão do Império deve registrar-se na própria cidade.

O príncipe, em seu orgulho, acredita ter enfraquecido toda a espécie humana em benefício próprio. Os homens, em todo o globo, se agitam, aos milhões, e atravessam o imenso mundo romano em diversos sentidos; eles pensam que estão obedecendo a um homem, mas é a Deus que o fazem.

Essa grande agitação tem um único objetivo: levar um homem e uma mulher que habitam humilde casa em Nazaré, da Galileia até Belém; isto para que a mulher, desconhecida entre os homens da terra, porém, querida do céu, tendo chegado ao final da gravidez - o nono mês após a concepção - venha dar à luz, em Belém, Àquele que fora exaltado nas palavras do Profeta: "E tu, (Belém) Efrata, posto que, pequena demais entre milhares de Judá, de ti sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade, ó Belém!..." (Mq 5, 1)

Ó sabedoria divina! Como sois forte, para assim chegar aos vossos objetivos de forma invencível, apesar de oculta aos homens! Como sois meigo, respeitando, sem qualquer violência, a liberdade deles! E, como sois paternal em vossa providência e precaução, para com as nossas necessidades! Escolhestes Belém para nascer, porque Belém significa a Casa do Pão. Assim, vós nos mostrais que vosso desejo é o de ser nosso Pão, nosso sustento e nosso alimento de vida. Alimentados por um Deus, não morreremos jamais.

Dom Guéranger
O ano litúrgico
Advento - XVII dezembro