Ó Filho de Davi, herdeiro de seu trono e poder, percorrei, em vossa marcha triunfal, uma terra que outrora fora submissa a vosso antepassado, hoje subjugada pelos Gentios. Sabeis reconhecer na estrada, por toda parte, tantos lugares testemunhos das maravilhas da justiça e da misericórdia do vosso Pai, para com seu povo, ao tempo dessa antiga Aliança que ora se encerra.
Em breve, ao ser retirada a nuvem virginal que vos cobre, tornareis a empreender novas viagens por essa mesma terra; por ela passareis fazendo o bem, curando toda languidez e toda enfermidade, sem, contudo, ter um lugar onde repousar a vossa cabeça. Pelo menos, neste dia, o seio maternal vos oferece um abrigo doce e tranquilo, onde recebereis somente testemunhos do amor mais terno e respeitoso.
Mas, ó Senhor! Será preciso sair deste feliz abrigo, deste ninho perfeito. Será preciso, Luz eterna, brilhar no meio das trevas; pois o cativo que viestes libertar esmorece em sua prisão. Sentou-se ele à sombra da morte e nela irá perecer, se não vierdes, prontamente, abrir as execradas portas com vossa poderosa Chave!
Este cativo, ó Jesus, é o gênero humano, escravo de seus erros e vícios: vinde romper o jugo que o oprime e degrada; este cativo é o nosso coração, que muitas vezes é dominado por inclinações que ele mesmo desaprova: vinde, ó divino Libertador, resgatar tudo o que dignastes tornar livre por meio de vossa graça, vinde reedificar em nós a dignidade de vossos irmãos.
Dom Guéranger
Ano Litúrgico
Advento XX de dezembro
Advento XX de dezembro
Fonte: Projeto “Maria de Nazaré”