Cidade do Vaticano, 10 mar (RV) - O sacerdote não é um "administrador", mas um homem escolhido por Deus para imitar Cristo, que sabe como Ele ser humilde, amar a humanidade, ter a sensibilidade para com os pobres, defender a Igreja com coragem, onde quer que ela se encontre ameaçada.
Com uma lectio divina inspirada pelo Cap. 20 dos Atos dos Apóstolos, Bento XVI deteve-se na manhã desta quinta-feira, na Sala das Bênçãos, no Vaticano, com os sacerdotes da Diocese de Roma, conduzidos pelo Cardeal-Vigário Agostino Vallini, no tradicional encontro anual do Papa com o seu clero.
Ter olhos de Deus, não olhos de burocrata. Não há alternativa para um sacerdote. São Paulo o havia compreendido como pode-se ver nesse capítulo dos Atos dos Apóstolos, que o Papa definiu como "destinado aos homens de todos os tempos". A atualidade do texto antigo tornou-se matéria de reflexão para o sacerdote do tempo moderno. Em primeiro lugar, o sacerdote "não é dono da fé" – afirmou o Pontifíce:
"Não se é padre somente durante uma parte do tempo; se é sempre, com toda a alma, com todo o nosso coração. Esse ser com Cristo e ser embaixador de Cristo, esse ser para os outros é uma missão que penetra o nosso ser e deve sempre mais penetrar na totalidade do nosso ser."
O serviço – prosseguiu o Papa – chama à humildade. Que não é exibição de "falsa modéstia", mas amor pela vontade de Deus, que justamente graças à humildade do servidor pode ser anunciada na sua integridade, sem condicionamentos ou preferências, e sem "criar a ideia de que o cristianismo é um pacote imenso de coisas que devem ser aprendidas":
"Isso é importante: não prega um cristianismo à la carte, segundo os próprios gostos, pregando um Evangelho segundo as próprias ideias preferidas, segundo as próprias ideias teológicas: não se subtrai do anunciar toda, toda a vontade de Deus, inclusive a vontade incômoda, mesmo os temas que pessoalmente não o agradam tanto."
O texto paulino sugeriu ao Pontífice pontos de reflexão sobre o tema da conversão do coração. "Conversão" – disse o Santo Padre – é, sobretudo, conversão do pensamento e do coração, para a qual a realidade não são as coisas tangíveis ou os fatos do mundo assim como se apresentam, mas a realidade é reconhecer a presença de Deus no mundo. A partir dessa visão o sacerdote deve conduzir a sua "corrida" no mundo, sem jamais perder o ardor inicial – recomendou Bento XVI:
"Não percamos o zelo, a alegria de sermos chamados pelo Senhor (...) deixemo-nos renovar a nossa juventude espiritual (...) a alegria de poder seguir com Cristo até o fim, de levar a termo a nossa "corrida" sempre no entusiamo de sermos chamados por Cristo para esse grande serviço."
O sacerdote, como Paulo – afirmou o Santo Padre – não deve pensar na sua mera "sobrevivência biológica". É claro, cuidar de si é imperioso, mas não esqueçamos que a oferta de si, até a doação da vida, assimila o sacerdote a seu modelo, Cristo:
"Somente Deus pode fazer-nos sacerdotes, somente Deus pode escolher os seus sacerdotes e se somos escolhidos, somos escolhidos por Ele. Aí se mostra claramente o caráter sacramental do presbiterato e do sacerdócio, que não é uma profissão que deve ser assumida porque alguém deve adminsitrar todas as coisas (...) é uma eleição do Espírito Santo."
Pio XII – recordou o Papa – frisava o problema da "sonolência dos bons", ou seja, a ausência daqueles limites que comumente os próprios cristãos opõem às forças do mal. O sacerdote é chamado a "vigiar" e a rezar intensamente – reiterou:
"Vigiem sobre vocês mesmos": estejamos atentos também com a nossa vida espiritual, o nosso estar com Cristo (...) rezar e meditar a Palavra de Deus não é tempo perdido em relação ao cuidado pelas almas, mas é condição para que posamos estar realmente em contato com o Senhor e assim falar em primeira mão do Senhor aos outros."
A Igreja é ameaçada e o será sempre – disse o Pontífice. Mas essa consciência jamais deve levar a esquecer outras inalteráveis realidades:
"A verdade é mais forte do que a mentira, o amor é mais forte do que o ódio, Deus é mais forte do que todas as forças adversas. E com essa alegria, com essa certeza interior aprendemos o nosso caminho (...) nas consolações de Deus e nas perseguições do mundo." (RL)
Com uma lectio divina inspirada pelo Cap. 20 dos Atos dos Apóstolos, Bento XVI deteve-se na manhã desta quinta-feira, na Sala das Bênçãos, no Vaticano, com os sacerdotes da Diocese de Roma, conduzidos pelo Cardeal-Vigário Agostino Vallini, no tradicional encontro anual do Papa com o seu clero.
Ter olhos de Deus, não olhos de burocrata. Não há alternativa para um sacerdote. São Paulo o havia compreendido como pode-se ver nesse capítulo dos Atos dos Apóstolos, que o Papa definiu como "destinado aos homens de todos os tempos". A atualidade do texto antigo tornou-se matéria de reflexão para o sacerdote do tempo moderno. Em primeiro lugar, o sacerdote "não é dono da fé" – afirmou o Pontifíce:
"Não se é padre somente durante uma parte do tempo; se é sempre, com toda a alma, com todo o nosso coração. Esse ser com Cristo e ser embaixador de Cristo, esse ser para os outros é uma missão que penetra o nosso ser e deve sempre mais penetrar na totalidade do nosso ser."
O serviço – prosseguiu o Papa – chama à humildade. Que não é exibição de "falsa modéstia", mas amor pela vontade de Deus, que justamente graças à humildade do servidor pode ser anunciada na sua integridade, sem condicionamentos ou preferências, e sem "criar a ideia de que o cristianismo é um pacote imenso de coisas que devem ser aprendidas":
"Isso é importante: não prega um cristianismo à la carte, segundo os próprios gostos, pregando um Evangelho segundo as próprias ideias preferidas, segundo as próprias ideias teológicas: não se subtrai do anunciar toda, toda a vontade de Deus, inclusive a vontade incômoda, mesmo os temas que pessoalmente não o agradam tanto."
O texto paulino sugeriu ao Pontífice pontos de reflexão sobre o tema da conversão do coração. "Conversão" – disse o Santo Padre – é, sobretudo, conversão do pensamento e do coração, para a qual a realidade não são as coisas tangíveis ou os fatos do mundo assim como se apresentam, mas a realidade é reconhecer a presença de Deus no mundo. A partir dessa visão o sacerdote deve conduzir a sua "corrida" no mundo, sem jamais perder o ardor inicial – recomendou Bento XVI:
"Não percamos o zelo, a alegria de sermos chamados pelo Senhor (...) deixemo-nos renovar a nossa juventude espiritual (...) a alegria de poder seguir com Cristo até o fim, de levar a termo a nossa "corrida" sempre no entusiamo de sermos chamados por Cristo para esse grande serviço."
O sacerdote, como Paulo – afirmou o Santo Padre – não deve pensar na sua mera "sobrevivência biológica". É claro, cuidar de si é imperioso, mas não esqueçamos que a oferta de si, até a doação da vida, assimila o sacerdote a seu modelo, Cristo:
"Somente Deus pode fazer-nos sacerdotes, somente Deus pode escolher os seus sacerdotes e se somos escolhidos, somos escolhidos por Ele. Aí se mostra claramente o caráter sacramental do presbiterato e do sacerdócio, que não é uma profissão que deve ser assumida porque alguém deve adminsitrar todas as coisas (...) é uma eleição do Espírito Santo."
Pio XII – recordou o Papa – frisava o problema da "sonolência dos bons", ou seja, a ausência daqueles limites que comumente os próprios cristãos opõem às forças do mal. O sacerdote é chamado a "vigiar" e a rezar intensamente – reiterou:
"Vigiem sobre vocês mesmos": estejamos atentos também com a nossa vida espiritual, o nosso estar com Cristo (...) rezar e meditar a Palavra de Deus não é tempo perdido em relação ao cuidado pelas almas, mas é condição para que posamos estar realmente em contato com o Senhor e assim falar em primeira mão do Senhor aos outros."
A Igreja é ameaçada e o será sempre – disse o Pontífice. Mas essa consciência jamais deve levar a esquecer outras inalteráveis realidades:
"A verdade é mais forte do que a mentira, o amor é mais forte do que o ódio, Deus é mais forte do que todas as forças adversas. E com essa alegria, com essa certeza interior aprendemos o nosso caminho (...) nas consolações de Deus e nas perseguições do mundo." (RL)
Fonte: Radio Vaticano